Angola registou uma redução generalizada de crimes no país, mas aumentaram os casos de homicídio voluntário, muitos praticados com recurso a arma de fogo, alertou hoje o ministro do Interior, apelando ao envolvimento das autoridades e da população.
Eugénio Laborinho discursava na abertura do Conselho Consultivo alargado, durante a qual apresentou os dados sobre a segurança pública referente ao primeiro semestre de 2021.
De acordo com o ministro, nos primeiros seis meses do ano em curso foram participados e registados um total de 33.518 crimes de natureza diversa, menos 649 comparativamente ao mesmo período de 2020.
Do total de crimes, resultou a detenção de 22.694 cidadãos, menos 854 em comparação ao período anterior, uma redução que, considerou Eugénio Laborinho, reflete o aumento dos níveis operacionais e de prontidão das forças policiais, e um relativo acatamento das instruções policiais por parte dos cidadãos.
“Há que destacar algumas tipicidades criminais, designadamente os crimes contra o património, que representaram neste mapeamento geral 59% dos delitos cometidos, seguindo-se os crimes contra as pessoas, com 31%, e contra a ordem e tranquilidade públicas, com 10%”, indicou.
Quanto aos crimes contra pessoas, foram participados 10.274 delitos, menos 2.099 crimes, correspondendo a um decréscimo de 20,4%, destacando-se as ofensas à integridade física, com 5.687 casos, menos 977, homicídios voluntários, com 984, um aumento de 120 comparativamente ao período homólogo de 2020, e agressões sexuais, com 882, menos 38 casos.
Dos crimes em referência, 2.936 foram praticados por pessoas próximas das vítimas, correspondendo a 29%, e 7.338 por marginais desconhecidos, representando 71%, do total de crimes contra pessoas.
“Neste particular, chamamos atenção ao controlo das famílias, porque parte dos crimes de agressão sexual foram cometidos por pessoas próximas das vítimas e em ambiente familiar, ações que são difíceis de serem prevenidas pelas forças da ordem, por terem sido consumadas em espaços privados, reservados aos membros de um agregado familiar”, referiu Eugénio Laborinho.
O governante angolano apelou aos comandantes de polícia para que redobrem ações de prevenção, tendo em conta o aumento de casos de homicídio voluntário, “muitos deles praticados com recurso à arma de fogo”.
Segundo Eugénio Laborinho, é preciso que as forças da ordem dialoguem mais com a população e as famílias, para se evitarem mais mortes.
“A população precisa colaborar mais com as autoridades, porquanto a segurança pública começa em casa, na escola, no serviço, nas igrejas e nos espaços de lazer. Não podemos ser cúmplices de pessoas que fazem mal aos outros. É preciso denunciar e fiscalizar as denúncias que fazemos, para combatermos o crime de forma conjunta”, realçou.
Aproximando-se o fim do ano, Eugénio Laborinho chamou atenção aos cidadãos para não se movimentarem com avultadas somas de dinheiro, sem a escolta policial e a não guardar altas somas de dinheiro em casa ou nos escritórios, bem como a não se fazer acompanhar de dinheiro considerável nos automóveis ou em pastas, “para não atraírem os meliantes”.
O ministro considerou importante envolver a comunidade nas ações de prevenção, realizar consultas à população sobre os problemas, prioridades e estratégias de prevenção de delitos, mobilizando a comunidade para autoproteção e resolução de problemas geradores de crimes, tais como o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, de drogas, rixas entre os jovens e adolescentes, dentre outras condutas negativas.
“Por outro lado, devemos redobrar as ações de prevenção e combate à imigração ilegal, à exploração ilegal de diamantes, ouro e outros recursos naturais, ao tráfico de pessoas, ao contrabando de combustível e outras ações de natureza criminal que ocorrem, com maior frequência, nas zonas fronteiriças, causando enormes prejuízos à economia angolana”, defendeu.
Lusa