Domingo, 22 de Dezembro, 2024

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ONU espera crescimento mundial de 5,3% em 2021, o maior em quase meio século

A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) prevê um crescimento económico mundial de 5,3% este ano, “o maior em quase meio século”, de acordo com um relatório hoje divulgado.

“O crescimento mundial deverá atingir os 5,3% este ano, o maior em quase meio século, com alguns países a restaurarem (ou até ultrapassarem) o seu nível de produção de 2019 no final de 2021”, pode ler-se no Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2021 conhecido hoje.

O órgão das Nações Unidas alerta que “a perspetiva global além de 2021, no entanto, permanece debaixo de incerteza”.

“O próximo ano verá uma desaceleração do crescimento global, mas durante quanto tempo e quanto irá depender das decisões políticas, particularmente nas principais economias”, refere o organismo.

Para 2022, a instituição da ONU espera um crescimento económico de 3,6%, deixando os rendimentos mundiais abaixo da sua tendência antecipada antes da pandemia.

Em comparação, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento mundial de 6,0% este ano e de 4,9% no próximo.

A UNCTAD alerta até que “mesmo assumindo que não há choques subsequentes, um regresso à tendência de rendimentos pré-pandemia poderá, sob assunções razoáveis, demorar até 2030”.

“Esta é uma perspetiva preocupante para muitos países. Os danos da crise da covid-19 excederam aqueles da crise global mundial em muitas partes da economia mundial, mas tem sido particularmente desgastante no mundo em desenvolvimento”, refere o documento.

Quanto ao comércio de bens e serviços, que desceu 5,6% em 2020, deverá registar uma subida de 9,5% em 2021.

“Apesar disso, a recuperação tem sido extremamente desequilibrada, e as cicatrizes continuação a pesar na prestação do comércio nos próximos anos”, refere o órgão da ONU.

A UNCTAD crê que “ultrapassar as barreiras para uma maior prosperidade vai depender da melhoria da coordenação das escolhas políticas feitas nas principais economias nos próximos anos, à medida que tentam manter o ímpeto da recuperação e construir resiliência face a futuros choques”.

O órgão da ONU considera ainda que “a relutância de outras economias avançadas de seguir o exemplo dos Estados Unidos na libertação de patentes de vacinas é um sinal preocupante e custoso”, uma vez que atrasos na vacinação custarão 2,3 biliões de dólares (1,9 biliões de euros) até 2025, segundo recentes estimativas, que se refletirá sobretudo nos países em desenvolvimento.

No entanto, apesar de apelar para a coordenação das principais economias, a UNCTAD reconhece que isso “não será suficiente”, e que é necessário “renovado apoio internacional” para os países em desenvolvimento, que em muitos casos enfrentam “uma crise sanitária acentuada” devido à pandemia.

“Esse esforço deverá também levar-nos a repensar – ou, talvez, a reavivar – o papel que a política orçamental pode ter, além das recentes intervenções contracíclicas”, pode ler-se no documento.

A UNCTAD lembra que apesar de uma década em que houve injeções monetárias massivas dos principais bancos centrais, os objetivos de inflação ficaram por cumprir, e ainda “não há um sinal de um aumento sustentado dos preços”.

Apesar disso, “a UNCTAD acredita que o aumento dos preços da comida podem ser uma ameaça séria a populações vulneráveis no sul, já financeiramente afetadas pela crise sanitária”.

A UNCTAD apela ainda para um “alívio concertado da dívida e em alguns casos cancelamento direto, de forma a reduzir o endividamento nos países em desenvolvimento e evitar uma nova década perdida para o desenvolvimento”.

Lusa

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