O Sindicato Nacional dos Empregados Bancários de Angola (SNEBA) considera que “nem tudo vai bem na Banca em Angola, passados 46 anos de actividade”, tempo suficiente para o sector evidenciar solidez e coesão.

Essa referência vem expressa na Declaração Pública desta organização, lida hoje (sábado), em cerimónia de celebração do quadragésimo sexto aniversário do Dia do Trabalhador Bancário, assinalado neste 14 de Agosto, embora não instituído oficialmente.
No documento, os sindicalistas fazem comparações do sector no período colonial e admitem o surgimento e crescimento de instituições financeiras, passando-se de sete para 26 bancos operacionais, além de outras instituições não financeiras.
Referem que, durante esta evolução, o sector ficou marcado com varias “novidades”, entre positivas e negativas, tendo esta segunda marcado gravemente o ramo, daí que se questionam sobre o real papel do sector ao serviço da sociedade e da economia.
Estes profissionais apontam registos negativos ligadas ao elevado volume de crédito malparado, liquidação de bancos por “razões duvidosas” e despedimentos de funcionários em massa, como as do Banco de Poupança e Crédito (BPC).
Os sindicalistas bancários citaram como exemplo negativo o banco Caixa de Crédito Agropecuária, que faliu no ano de 1999, por problemas de solvabilidade e elevada carteira de crédito malparado.
Os sindicalistas lembram-se também do extinto Banco Espírito Santo Angola – BESA, que deu lugar ao actual Banco Económico, em 2014, depois de viver uma crise financeira provocada igualmente pelo elevado volume de crédito concedido sem retorno.
Outro cenário apontado pelos sindicalistas, é o actual momento de despedimentos que se vive ainda no BPC, que além do volume de crédito malparado, encerrou dezenas de postos de atendimento em várias regiões do País, como uma das saídas para ser recapitalizado e reestruturado.
Salientaram que o crédito malparado do total Banca nacional caiu para o valor mais baixo desde Março de 2017, ao fixar-se nos 18,41% até ao final de 2020, influenciado pela cedência de 80 por cento da carteira de crédito de cobrança do BPC à Recredit, no valor de 951 mil milhões de kwanzas, de acordo com os indicadores de solidez do mercado, compilados pelo Banco Nacional de Angola.
Por este e outros registos, o SNEBA diz que a situação está a influenciar negativamente no despedimento dos trabalhadores, sem precisar, entretanto, o número total de quadros fora dos balcões de atendimento, hoje.
“O fenómeno anti-sindicalismo nas administrações de muitos bancos é notório. A coacção contra bancários que se filiam ao sindicato e evidente, contra todos os princípios e até da Constituição de Angola”, menciona o SNEBA.
O Sindicato Nacional dos Empregados Bancários de Angola acrescenta que se assiste, actualmente, nesse segmento de actividade, uma “gestão de terror”, de intimidação e perseguição, pelo que apela a denúncias, em caso também de violência moral.
Segundo dados oficiais, o sector bancário em Angola conta actualmente, com mais de 23 mil trabalhadores nas 18 províncias.
Foi a 14 de Agosto de 1975, que um grupo de bancários efectivou o controlo do sistema bancário, que permitiu que Angola independente pudesse contar com um sistema financeiro minimamente funcional, e que foi evoluindo até aos dias de hoje.
Angop