Segunda-feira, 23 de Dezembro, 2024

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Benguela regista 400 casos de desnutrição dia e mais de 80 mortes em seis meses

A município de Benguela regista diariamente mais de 400 casos de desnutrição por dia, com um saldo mortal de mais de 80 crianças em seis meses, avançou à Angop que cita autoridades sanitárias locais.

De janeiro a junho, morreram no município de Benguela cerca de oitenta e sete crianças vítimas de desnutrição, mais quatro em relação ao igual período de 2020.

A supervisora municipal do programa de nutrição em Benguela, Filomena Manuel, aponta o dedo ao desmame precoce e à dieta alimentar desequilibrada pelo aumento de casos de desnutrição em crianças dos zero aos cinco anos de idade.

Segundo ela, nas zonas “F e A”, nos arredores da cidade de Benguela, cresce o abandono de crianças, que acabam por cuidar de outros menores, enquanto suas mães trabalham no campo ou nos mercados informais o dia todo.

Com os números a chegarem aos mais de 400 casos de desnutrição/dia em Benguela, Filomena Manuel considera o bairro do Asseque o mais crítico, com altos índices de desnutrição, apesar de ser uma zona favorável à prática da agricultura.

Porém, frisou que em muitos bairros das zonas “A e F”, as equipas de triagem do programa de nutrição têm se deparado, em média, com mais de 40 casos/dia de desnutrição moderada e severa, incluindo muitas crianças com apenas uma refeição diária.

Explicou que os petizes com um ano de idade constituem a faixa etária mais preocupante e propensa à desnutrição, daí requererem cuidados redobrados em termos nutricionais para evitar esse problema.

“Dos cinco aos 14 anos, temos um número muito reduzido, apesar de que também temos visto alguns adultos com desnutrição em Benguela”, avançou, destacando que a organização não-governamental sul-africana Joint Aid Management (JAM) tem ajudado, fornecendo soja.

De igual forma, a Unicef (órgão da ONU que tem como objectivo promover a defesa dos direitos das crianças em todo o mundo) também tem apoiado e recentemente Benguela recebeu três contentores com produtos terapêuticos para tratar a desnutrição em pacientes no programa ambulatório.

Quanto às estratégias para combater a desnutrição, afirmou que o sector tem feito palestras e campanhas de triagem nas comunidades mais distantes, sem unidades sanitárias, e todos os casos de desnutrição detectados são encaminhados à única unidade de referência em Benguela.

Mesmo assim, reclama da escassez de leitos no Hospital Geral de Benguela para atender pacientes com desnutrição. “Cada cama tem duas crianças. É uma situação preocupante”.

Por isso, o desafio é, como disse, abrir em outras unidades sanitárias mais programas terapêuticos para pacientes em ambulatório, vulgos PTPA, que já totalizam 27.

“No mês de Julho, 492 crianças tiveram alta e estão a ser acompanhadas no quadro deste protocolo”, confirmou.

De acordo com a supervisora do programa de nutrição em Benguela, os PTPA’s atendem todas as crianças com desnutrição severa ou moderada, sem critério de internamento, isto é, sem nenhuma complicação, como diarreia ou tosse.

Enquanto isto, os casos de desnutrição grave são tratados no centro de nutrição de Benguela, rematou a fonte.

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