A baixa produção científica está na base da ausência de universidades angolanas no ranking das 100 melhores instituições de ensino superior em África. A ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Bragança Sambo, admitiu esse facto em entrevista ao Jornal de Angola.

Questionada se baixa produção científica está na base da inexistência de uma instituição angolana no ranking, Maria Sambo respondeu: “sem dúvida que é relevante esse facto, mas há outros aspectos”, disse.
“Os rankings académicos exibem a classificação das universidades, de acordo com o seu desempenho, tendo em conta indicadores muito bem estabelecidos e existe uma elevada competitividade entre elas”, disse Maria Sambo esclarecendo que “entre os vários indicadores utilizados estão o ensino, o número de docentes em relação ao número de estudantes, a percentagem de docentes com o grau de doutor, o número de doutores que a universidade forma; os resultados da investigação científica, contando não só o número de publicações científicas, mas também quantas vezes cada publicação é citada em publicações de outros autores; a internacionalização, que é valorizada pelo número de alunos e docentes estrangeiros e o número de colaboradores internacionais em projectos de investigação científica; e ainda os resultados da relação da universidade com a indústria no que respeita a inovações, dentre outras. Fiz esta descrição para demonstrar que, se não conseguimos uma boa performance, fica claro tudo o que é preciso fazer para melhorar e almejar estar entre as melhores”.
Segundo a ministra o investimento na produção científica no nosso país tem sido muito fraco. Citando dados da UNESCO sobre a ciência publicado em junho de 2021, Maria Sambo avançou que de 2016 a 2020, Angola gastou 0,03% do Produto Interno Bruto com despesas para a ciência (valor de 2016), muito baixo comparativamente com Moçambique 0,34 (2015) e África do Sul 0,83 (2017).
Maria Sambo destacou a necessidade de aumentar o investimento na investigação científica até atingir 1% do produto interno bruto (PIB), como recomenda a UNESCO.
“Dotar as Instituições Ensino Superior e instituições de investigação e desenvolvimento com infraestruturas apropriadas (laboratórios), melhor aproveitamento dos doutorados que devem ter condições de trabalho adequadas e mecanismos para o financiamento de projectos de investigação científica”, foram algumas das medidas avançadas por Maria Sambo para aumentar a actividade científica e a publicação científica no país.