A ministra da Defesa da África do Sul lamentou o envio de militares ruandeses para Cabo Delgado, uma decisão bilateral depois da recente decisão regional, com participação de Moçambique, para o envio de uma força.
“Não há tensões entre Moçambique e a África do Sul, e mesmo que houvesse não afetaria de modo algum as decisões tomadas a nível regional. Na cimeira da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] foi decidido mandatar as nossas Forças Armadas para serem destacadas para Moçambique para ajudar os moçambicanos”, frisou a ministra Nosiviwe Mapisa-Nqakula em entrevista à televisão pública sul-africana SABC, divulgada este sábado.
“No que diz respeito à África do Sul, a SADC está atualmente a preparar o envio para Moçambique da Força de Intervenção Rápida na quarta-feira, o que explica a forma como o destacamento da brigada deve ser feito em Moçambique”, sustentou.
Nas declarações ao canal público sul-africano, a governante considerou que o envio de tropas por parte do Ruanda, “é um assunto bilateral” entre os dois países, salientando que “é de lamentar que aconteça antes de a SADC ter destacado a sua força [militar]”.
“Porque, independentemente do acordo bilateral, seria expectável que a intervenção do Ruanda para ajudar Moçambique acontecesse no âmbito do mandato regional decidido pelos chefes de Estado da SADC”, adiantou.
“É de lamentar, é uma situação sobre a qual não temos controlo e que significa que Moçambique acordou com os ruandeses que as Forças Armadas do Ruanda deveriam intervir”, adiantou Nosiviwe Mapisa-Nqakula.
“Todavia, isto não significa que os nossos chefes de Estado não tomaram uma decisão [de intervir em Moçambique]”, frisou a ministra da Defesa sul-africana, sublinhando que, nesse sentido, o Governo moçambicano não assinou até à data o estatuto para o envio de forças militares acordado no âmbito do destacamento militar regional da SADC para a região norte do país vizinho.
“Há muitas coisas que deveriam ter acontecido depois da decisão dos chefes de Estado [da SADC], como por exemplo, a assinatura do estatuto do acordo de Forças Armadas pelo país que está prestes a ser assistido [Moçambique] e isso faz parte dos preparativos para o destacamento de tropas”, afirmou.
“O destacamento [militar da SADC] será feito na quarta-feira e esperamos que até a essa data Moçambique tenha assinado o estatuto do acordo de forças, e tanto quanto sei, até à noite de sexta-feira, [9 julho] esse acordo não tinha sido assinado por Moçambique, apesar de ter participado nas decisões da reunião cimeira [da SADC] e apesar de ter vindo a manifestar interesse no destacamento de uma força, ou brigada da SADC, como lhe queiram chamar”, declarou.
“Mas neste momento, um primeiro grupo vai entrar da Força de Intervenção Rápida, que integra vários Estados membros da região, que depois determinará o destacamento da brigada da SADC”, explicou a governante sul-africana à SABC.
“Apesar de o Ruanda ter destacado forças [militares], o facto é que os chefes de Estado da SADC decidiram que as forças da região deveriam entrar em Moçambique até ao dia 15 deste mês”, frisou a ministra sul-africana.
Lusa