A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu, nesta segunda-feira (29), para a crescente diferença entre o número de vacinas contra a covid-19 disponíveis para os países ricos e aquelas distribuídas para os países mais pobres, mediante o mecanismo Covax.
A advertência surge depois de o secretário-geral da ONU, António Guterres, ter criticado no domingo (28) o excessivo “armazenamento” de vacinas por parte dos países desenvolvidos, pedindo-lhes que as compartilhem com o restante do mundo.
“A diferença entre o número de vacinas administradas nos países ricos e o número administrado pela Covax cresce a cada dia”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“A distribuição desigual de vacinas não é apenas um escândalo moral, também é economicamente destrutiva”, completou, em uma conferência mundial virtual sobre imunização, patrocinada por Abu Dhabi.
“Enquanto o vírus continuar circulando, as pessoas continuarão morrendo, o comércio e as viagens continuarão interrompidos, e a recuperação econômica vai-se retardar”, frisou.
Até agora, mais de 510 milhões de vacinas foram distribuídas em todo mundo, de acordo com autoridades sanitárias, mas as diferenças entre os países continuam grandes. Essa disparidade levou a OMS a fazer um apelo aos mais ricos, na sexta-feira, para que doem vacinas para os mais pobres.
Tedros disse na segunda-feira que 36 países ainda não receberam uma dose sequer. Dezesseis deles devem receber suas primeiras doses através da Covax nas próximas duas semanas, acrescentou.
Hoje, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) também pediu aos países ricos que façam doações para garantir uma distribuição justa das vacinas, acrescentando que US$ 510 milhões são necessários para apoiar a distribuição em todo mundo.
A previsão inicial era que o dispositivo Covax entregaria cerca de 238 milhões de doses em todo mundo até o final de maio, mas apenas 32 milhões foram enviadas até agora, de acordo com o site da iniciativa.