O ministro das Relações Exteriores, Téte António, incentivou, esta quarta-feira, a Academia Diplomática “Venâncio de Moura” a promover o diálogo inter-geracional, para a partilha da memória colectiva da diplomacia angolana.

“A história da diplomacia angolana é rica em feitos e conquistas que devem nos orgulhar”, afirmou Téte António durante o acto inaugural da celebração do Dia do Patrono da instituição, Venâncio da Silva Moura, ministro das Relações Exteriores de Angola no período 1992/1999.
O chefe da diplomacia angolana considerou Venâncio de Moura um combatente e pioneiro na edificação da diplomacia angolana, destacando alguns feitos do diplomata.
“Para citar apenas alguns exemplos, o ministro Venâncio de Moura participou das batalhas diplomáticas para o reconhecimento do nosso país pelos seus pares e a sua admissão nos Organismos Internacionais e Regionais e na defesa da causa do povo angolano contra as invasões externas”, adiantou.
Entre os feitos de Venâncio de Moura, o ministro Téte António lembrou também a participação na normalização das relações entre o Governo angolano e a Europa ocidental, tendo sido o primeiro embaixador da República de Angola acreditado na Itália.
Segundo Téte António, Venâncio de Moura, que morreu em 1999, liderou o Ministério das Relações Exteriores (MIREX) num momento difícil, fruto das incertezas ligadas à reconfiguração geopolítica mundial, resultante do fim da guerra fria e da desintegração da ex-União Soviética, um dos principais parceiros do país.
A nível interno, prosseguiu, o período de 1992 a 1999 foi marcado pela retoma da guerra civil, embora conheceu um relativo interregno, durante a vigência efémera do Protocolo de Paz de Lusaka, marco histórico que o ministro Venâncio de Moura teve a honra de assinar, em nome do Governo da República de Angola.
Após considerar o patrono da Academia Diplomática “figura incontornável da diplomacia angolana”, Téte António sublinhou que esteve na linha de frente da acção diplomática que permitiu à Comunidade Internacional compreender a situação interna de Angola, tendo assumido engajamentos, que contribuíram decisivamente para o alcance da paz definitiva, em 2002.
Importa, igualmente, sublinhar que o reconhecimento de Angola por parte dos Estados Unidos da América, a 19 de Maio de 1993, deu-se no consulado do ministro Venâncio de Moura na liderança da diplomacia angolana.
Localizada na Centralidade do Kilamba, em Luanda, a Academia Diplomática “Venâncio de Moura”, tem capacidade para formar anualmente 1.800 especialistas em diplomacia e relações internacionais.
Notável político e diplomata angolano, nascido em 1935, Venâncio de Moura formou-se em Direito, na década de 70, em Portugal.
O MIREX contava, desde 1998, com o Instituto de Relações Internacionais, cuja actividade lectiva iniciou apenas em 2000, e, desde 2002, agregou o curso de licenciatura em Relações Internacionais.
Transformado em instituição de ensino superior, em 2017 passou a designar-se Instituto Superior de Relações Internacionais “Venâncio de Moura”, ministrando cursos de graduação, pós-graduação, formação e reciclagem de quadros de várias instituições.
A Academia Diplomática “Venâncio de Moura” surge no âmbito da reforma em curso no subsistema do Ensino Superior, mantendo a matriz curricular centrada na diplomacia e nas relações internacionais.