O Governo brasileiro saudou hoje a eleição da nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala como nova diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e reafirmou o seu apoio a uma reforma profunda na estrutura do organismo multilateral.
A ex-ministra da Fazenda da Nigéria, cuja candidatura já havia sido acertada por um importante grupo de países, entre eles o Brasil, foi eleita hoje em reunião extraordinária realizada virtualmente pelos membros da OMC.
Okonjo-Iweala, que será a primeira mulher a chefiar a OMC, assumirá o cargo deixado vago pelo diplomata brasileiro Roberto Azevedo, que renunciou à diretoria-geral um ano antes de completar o seu mandato.
“Assim como o embaixador Roberto Azevedo, o novo diretor-geral apresenta uma combinação de liderança política e capacidade técnica, essenciais para fazer frente aos desafios que a OMC e o sistema multilateral de comércio enfrentam hoje”, disse o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, numa nota oficial.
Segundo o comunicado, a OMC “continua sendo o apoiador central do sistema multilateral de comércio” e a diretora-geral terá o apoio do Brasil na “sua missão fundamental de promover o livre comércio entre as economias de mercado e estimular as reformas necessárias”.
Esse processo, na visão do Governo brasileiro, passa por três grandes “pilares”, que são “negociações, resolução de disputas e transparência, e garantia de resultados realistas e ambiciosos na 12.ª Conferência Ministerial da OMC”, que será realizada este ano.
A nota também destacou que “o Brasil continuará trabalhando por um sistema multilateral de comércio com regras que favoreçam a prosperidade económica e a geração de renda [rendimento] e empregos para os brasileiros”.
Ngozi Okonjo-Iweala foi por duas vezes ministra das Finanças da Nigéria e chefiou a diplomacia do país durante dois meses. Começou a sua carreira em 1982 no Banco Mundial, onde trabalhou durante 25 anos. Em 2012, não conseguiu tornar-se presidente da instituição financeira, que escolheu para o cargo o norte-americano de origem sul-coreana Jim Yong Kim.
A nova líder da OMC nasceu em 1954 na Nigéria, mas passou grande parte da sua vida nos Estados Unidos da América, onde estudou em duas prestigiadas universidades, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e Harvard.
Os estatutos da OMC não têm previsto qualquer rotação geográfica para o diretor-geral, mas várias vozes defenderam que era a vez de África estar representado.
Desde a sua criação em 1995, a OMC foi liderada por seis homens: três europeus, um neozelandês, um tailandês e um brasileiro.