O Sagrada Esperança da Lunda Norte anunciou, nesta segunda-feira (4), a desistência das Afrotaças, advogando os riscos de exposição dos atletas a nova estirpe da Covid-19 na África do Sul, a preservação do bem vida e a salvaguarda dos níveis competitivos dos jogadores.
Em declarações à ANGOP, a propósito da desistência do clube das Afrotaças, José Muacabalo esclarece que a decisão do clube resulta de um encontro mantido com os ministérios da Saúde e da Juventude e Desportos, em que participaram os clubes envolvidos nas competições africanas (Petro, 1º de Agosto e Bravos do Maquis), onde foram elucidados sobre a nova estirpe da Covid-19 e a sua capacidade de contágio.
Acrescentou que após o encontro, os clubes foram permitidos a participar nas competições africanas desde que assinassem termos de responsabilidades individuais que certificasse que os mesmos foram informados da nova variante da Covid-19 e no regresso cumpririam uma quarentena de 15 dias.
“Nós tivemos que reflectir seriamente sobre esta questão e chegamos a conclusão que para uma equipa que parou sete meses, e que actualmente vem recuperando os seus níveis competitivos, parar 15 dias era um retrocesso, até para os nossos objectivos que é estar entre os três no Girabola”, sublinhou.
Fez saber que antes dos pronunciamentos do Governo angolano, que dava conta do encerramento temporário da fronteira com a África do Sul, devido a nova variante da Covid-19, o clube tinha a viagem marcada para este país, no dia 2 do mês em curso, onde ficaria cinco dias para enfrentar o Orlando Pirates, na segunda volta, com quem perdeu por 1-0, em Luanda.
“Se ganhássemos na África do Sul, jogaríamos com o vencedor da liga dos campeões 15 dias depois do nosso regresso da África do Sul, período em que estaríamos de quarentena, o que seria um grande risco, porque jogaríamos sem treinar e fazer um scouting ao adversário, daí termos tomado a decisão, previamente comunicada à Federação Angolana de Futebol e a Confederação Africana”, frisou.
Relativamente às consequências desta decisão, disse estar consciente e aguarda os pronunciamentos do órgão reitor do futebol africano.
“Quem toma uma decisão desta natureza está consciente das consequências, porque era bastante penoso para o Sagrada continuar na competição no actual cenário epidemiológico”, disse.
De acordo com os regulamentos da CAF no 11º capítulo, na alínea C, a equipa que desistir da competição, deve ser averbada a derrota de 2-0, automaticamente desqualificada e a federação anfitriã, deve pagar uma multa de 15 mil dólares norte-americanos a sua congénere e corre o risco de ser irradiada durante dois ou três anos das competições africanas.
Sobre este pormenor, o presidente do grémio Lunda disse que a equipa está pronta a pagar a multa, caso “a FAF transfira a responsabilidade da multa para o clube”.
“Entre proteger a vida e pagar a multa, preferimos pagar a multa e salvaguardar o bem vida”, concluiu.
Campeã nacional em 2005 e da Taça de Angola (1988 e 1999), o Sagrada Esperança já participou em três ocasiões na Taça da Confederação, em 1992 (eliminada na segunda fase), 1998 (primeira fase) e 2016 (quartos-de-final).
Evoluiu, também, por duas vezes na Liga dos Campeões, designadamente em 2005 (primeira fase) e 2006 (preliminares).