A primatóloga e antropóloga britânica Jane Goodall considerou hoje que a humanidade não tem outra opção, após a pandemia, “a não ser enfrentar a ameaça” das alterações climáticas e defendeu uma novo tipo de relação com o mundo natural.
A célebre primatóloga falava em conferência de imprensa no último dia da cimeira tecnológica Web Summit em Lisboa, que esta edição foi totalmente ‘online’, depois de ter participado no painel “Can green tech save the planet” e ainda numa sessão de perguntas e respostas, no mesmo evento.
Questionada sobre se a humanidade irá mudar depois da pandemia de covid-19, Jane Goodall defendeu a necessidade de “estabelecer um tipo diferente de relação com o mundo natural e os animais”.
“Como espécies, estamos mesmo condenados, porque aqui estamos nós com estes recursos naturais finitos e uma população humana crescente e uma população de gado crescente”, começou por dizer.
E, “já em alguns casos”, estão a ser usados “preciosos recursos naturais nacionais”, os quais vão enfraquecendo, prosseguiu Jane Goodall.
“Estamos a começar a perceber isso, com a covid-19, muitas pessoas ‘acordaram’, temos que estabelecer um diferente tipo de relação com o mundo natural e com os animais, porque é muito desrespeitoso”, disse, apontando que a forma como se vive e consome foi o que levou “às alterações climáticas”.
“Foi o desrespeito pela nantureza e animais que levou à pandemia, em primeiro lugar”, salientou a ativista.
“À medida que emergimos da pandemia devemos, não temos opção a não ser enfrentar de frente a muito mais sinistra ameaça ao nosso futuro, que são as alterações climáticas”, sublinhou Jane Goodall.
“Cabe a todos nós fazer tudo o que pudermos todos os dias para combatê-la, para abrandá-la”, alertou.
Questionada sobre o fim da produção de óleo de palma, que tem devastado florestas, foi perentória: “Temos de parar isso”.
E insistiu: “Temos de parar com a destruição das florestas” para haver mais plantações de óleo de palma.
“Há imensa corrupção envolvida e temos de garantir que a palma de óleo é fornecida de plantações sustentáveis”, prosseguiu Goodall.
Reconhecendo que é muito difícil, “quase impossível parar”, já que a cadeia de fornecimento provém de diferentes lugares e de várias empresas, defendeu que é preciso parar “de alguma forma”.
Caso contrário, “perderemos a biodiversidade, desistindo das incrivelmente rica biodiversidade das florestas tropicais da Ásia”, alertou.
Já sobre o que pensa relativamente aos veículos elétricos, a defensora da conservação da naturesa disse que são “definitivamente melhores” para o ambiente do que os de gasolina ou gás.
“São melhores do que queimar combustíveis fósseis, mas é preciso ver a fonte”, como são fabricados, o tipo de baterias, salientou.