Sexta-feira, 13 de Dezembro, 2024

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Presidente do Kosovo é preso em Haia após ser indiciado por crimes de guerra

O ex-presidente do Kosovo, Hashim Thaçi, foi preso nesta quinta-feira (5) em Haia, horas depois de ter renunciado e após ter se apresentado a um Tribunal Especial, que o acusa de crimes de guerra, informou a alta corte.

O ex-líder guerrilheiro e outros dois acusados “foram transferidos às prisões” da câmara especial que julga os crimes durante a guerra de independência do Kosovo na década de 1990, informou o tribunal.

O ex-líder político da guerrilha independentista (UCK) havia decidido renunciar à Presidência horas antes, depois que um juiz do tribunal especial para o Kosovo de Haia validou sua acusação por crimes supostamente cometidos durante o conflito entre Kosovo e Sérvia no final da década de 1990.

“Para defender a integridade do cargo de presidente e do Kosovo, assim como a dignidade dos cidadãos, renuncio ao meu posto de presidente da República do Kosovo”, afirmou Thaçi durante uma coletiva de imprensa na capital Pristina.

Uma horaa depois, partiu de Pristina com outros dois ex-guerrilheiros acusados, a bordo de um avião militar, com destino a Haia.

Thaçi, de 52 anos, sempre defendeu sua inocência e acusa a justiça internacional de “reescrever a história”.

A maioria dos habitantes do Kosovo, que proclamou sua independência em 2008 embora a Sérvia não o tenha reconhecido, considera este conflito como uma “guerra justa” contra o opressor sérvio.

“Não são momentos fáceis para mim nem para minha família, muito menos para aqueles que me apoiaram e acreditaram em mim durante essas três últimas décadas de luta pela liberdade, pela independência e pela construção de uma nação”, reconheceu o ex-líder da guerrilha kosovar.

– “Colaborar com a justiça” –

Vjosa Osmani, presidente do Parlamento, assumirá as funções como chefe de Estado interino.

O tribunal especial para o Kosovo de Haia já havia divulgado em junho a acusação de Thaçi, mas ainda precisava ser validada por um juiz, de acordo com o funcionamento do tribunal.

Durante seu comparecimento, Thaçi não especificou quais são os crimes de que é acusado, mas prometeu “colaborar estreitamente com a justiça”.

Além do presidente, nesta quinta-feira também se confirmou a acusação pela justiça internacional de Kadri Veseli, ex-chefe dos serviços de inteligência da guerrilha kosovar e um homem próximo ao presidente.

No total, cinco ex-guerrilheiros são acusados pela justiça internacional.

Criado em 2015, o tribunal especial para Kosovo é encarregado de investigar os crimes cometidos pela guerrilha separatista kosovar albanesa (UCK), principalmente contra sérvios, ciganos e opositores albaneses à guerrilha durante o conflito de 1998-99 e nos anos posteriores.

– Acusado de corrupção –

A guerra do Kosovo, que foi o último conflito pela desintegração da Iugoslávia, causou mais de 13.000 mortes, a maioria delas de albaneses. Houve inúmeros casos de tortura e centenas de milhares de civis foram obrigados a abandonar suas casas para buscar refúgio.

O conflito terminou após a intervenção ocidental e os bombardeamentos das forças da OTAN que obrigaram o exército sérvio a se retirar. O território kosovar ficou sob administração da ONU desde 2000 até a proclamação unilateral de independência, apoiada pelos Estados Unidos e pela maioria dos países ocidentais, embora não tenha contado com o reconhecimento da Espanha.

Após o conflito, a justiça internacional condenou por crimes de guerra aos altos líderes políticos e militares sérvios.

Mas alguns ex-membros destacados da guerrilha kosovar, nos altos cargos do país desde sua independência, também estão na mira de Haia.

O tribunal especial para Kosovo se encontra em Haia para proteger as testemunhas submetidas a pressões e ameaças. Os promotores já acusaram duas vezes Thaçi de dificultar sua investigação judicial.

O Kosovo é um dos territórios mais pobres da Europa e seu até agora presidente recebeu várias acusações de corrupção e de se apropriar dos recursos estatais, embora poucos kosovares critiquem o legado político do UCK.

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