Sábado, 21 de Junho, 2025

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Quase 2.000 reclusos fugiram na sequência de invasões a prisões na Nigéria

Quase 2.000 presos escaparam de prisões na Nigéria, depois de estas terem sido invadidas por multidões, anunciaram hoje as autoridades nigerianas, que impuseram também um recolher obrigatório em resposta à agitação resultante de duas semanas de protestos no país.

Pelo país, o mais populoso de África, com quase 200 milhões habitantes, o inspetor-geral da polícia destacou forças antimotim, tendo ordenado também o reforço da segurança junto dos estabelecimentos prisionais.

“As forças exercerão doravante todos os poderes da lei para prevenir quaisquer novos atentados às vidas e bens dos cidadãos”, refere uma declaração policial citada pela agência noticiosa Associated Press.

De acordo com o porta-voz do Ministério do Interior, Mohammed Manga, grandes multidões armadas atacaram duas instalações prisionais, com os perpetradores a subjugarem os guardas em serviço.

A mesma fonte refere que, segundo a mais recente contagem, 1.993 reclusos estavam desaparecidos.

“A maioria dos reclusos detidos nos centros são criminosos condenados por vários delitos criminais, aguardando execução ou julgamento por crimes violentos”, apontou o porta-voz.

Após um incêndio numa esquadra na cidade e depois de duas pessoas terem sido abatidas mortalmente pela polícia, o governador do estado de Lagos anunciou um recolher obrigatório sobre toda a cidade, abrangendo as cerca de 14 milhões de pessoas que nela habitam.

“Perderam-se vidas e membros, pois criminosos e canalhas estão agora escondidos sob o guarda-chuva destes protestos para desencadear o caos no nosso estado”, disse o governador local.

As autoridades tinham já imposto um recolher obrigatório na cidade de Benin, no estado de Edo, depois de a prisão nesta cidade ter sido alvo de um ataque na segunda-feira.

Os protestos na Nigéria têm como alvo os membros do Esquadrão Especial Antirroubo (SARS, em inglês), uma força policial acusada por grupos de defesa dos direitos humanos de ter matado e torturado cidadãos nigerianos.

A contestação teve início depois de um vídeo de agressões alegadamente cometidas por membros do SARS ter sido divulgado nas redes sociais.

Como resposta aos protestos, o Governo nigeriano anunciou, no dia 11 de outubro, que iria desmantelar esta força policial, mas tal não foi suficiente para demover os manifestantes, que reclamam o fim das agressões por parte das forças de segurança.

Inicialmente realizados de forma pacífica, pelo menos 10 pessoas morreram, anunciou a organização Amnistia Internacional na semana passada, que acusou a polícia de recorrer a violência desnecessária contra os manifestantes.

Os protestos têm-se realizado um pouco por todo o país, que conta com uma população superior a 196 milhões de pessoas, com principal destaque para a maior cidade, Lagos, a capital, Abuja, e outras importantes cidades, como Port Harcourt, Calabar, Asaba e Uyo.

A campanha para o fim do SARS reuniu apoio internacional, incluindo de membros do movimento ‘Black Lives Matter’ e do cofundador da plataforma social Twitter Jack Dorsey, que partilhou várias publicações de manifestantes nigerianos.

Na passada terça-feira, dia 13, a polícia nigeriana anunciou a criação de uma brigada anticrime (SWAT) para substituir a SARS, tendo posteriormente garantido que nenhum antigo membro da unidade desmantelada poderá integrar a nova força.

A Nigéria é o maior produtor de petróleo de África, mas o país sofre de um abrandamento da sua economia e de um desemprego em massa, especialmente entre os jovens, agravado pela crise resultante da pandemia de covid-19.

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