A ministra das Finanças, Vera Daves, disse hoje que o prolongamento da suspensão dos pagamentos da é essencial para os países africanos sobreviverem aos desafios colocados pela crise económica decorrente da pandemia de covid-19.
“O espaço orçamental criado pela Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) foi crítico para garantir que sobrevivemos até agora, e esperamos que seja prolongado até 2021, e por isso é tão importante falar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e pedir a todos os membros que estendam este período de alívio, que será muito útil para Angola e para todo o continente africano”, disse Vera Daves.
Na ‘Conversa de Governadores’, em que respondeu a perguntas lançadas pelo diretor do departamento africano do FMI, Abebe Aemro Selassie, Vera Daves vincou que “todos os países africanos enfrentam momentos desafiantes, similares aos de Angola, com a economia sob muita pressão” e acrescentou que “é preciso olhar para África como um parceiro fundamental que precisa de apoio para sobreviver a este momento e enfrentar os desafios de desenvolvimento, de crescimento inclusivo e de inclusão social”.
Para Vera Daves, o prolongamento da DSSI “seria muito útil, não só para dar mais espaço orçamental para respirar, mas também para ganhar tempo para rever e atualizar a estratégia da dívida a médio prazo, encontrando com os credores uma solução vantajosa para ambas as partes e que permita gerir a dívida durante estes tempos”.
Na conversa que manteve com o diretor do departamento africano do FMI, que recentemente aprovou o desembolso de mil milhões de dólares [850 milhões de euros] ao abrigo da terceira revisão do programa de ajustamento financeiro, que foi aumentado para um total de 4,5 mil milhões de dólares [3,8 mil milhões de euros], Vera Daves relativizou a subida do rácio da dívida face ao PIB e prometeu “usar sabiamente” as verbas disponibilizadas pelo Fundo.
“O stress no Tesouro é significativo devido à depreciação do kwanza, foi isso que fez subir muito significativamente o rácio da dívida face ao PIB”, que o FMI coloca em 120,3% este ano, e descendo até cerca de 70% nos próximos cinco anos.
“Angola precisa mesmo desse apoio [do FMI], e o nosso foco principal relativamente a estas verbas é proteger o setor social, contratar médicos, colocá-los a trabalhar em diferentes partes do país, tornar os nossos hospitais capazes de receber mais gente, e apostar nas escolas, onde temos necessidades básicas e não podemos deixar os miúdos longe da escola mais tempo”, elencou a governante.
“Esses fundos do FMI são muito importantes e tencioná-los gastá-los muito sabiamente”, concluiu a ministra das Finanças.