O país conta com 340 mil pessoas portadoras do HIV, das quais apenas 93 mil recebem tratamento com antirretrovirais.
A informação foi avançada esta quarta-feira pelo presidente da Rede Angolana de Organizações de Serviços de SIDA (ANASO), António Coelho, no acto de lançamento das Jornadas alusivas ao Dia Mundial da SIDA.
O responsável indicou que, apesar dos esforços do Governo e da força da sociedade civil, o número de infecções por VIH e de mortes relacionadas com a SIDA estão a aumentar.
Segundo dados da ONUSIDA, até Abril de 2020 foram registadas 26 mil novas infeções e 13 mil mortes relacionadas com a SIDA, entre as quais três mil 800 crianças e nove mil adultos.
Um total de 31 mil crianças (0-14) vivem com VIH, das quais 5.113 recebem tratamento. A cobertura de tratamento para crianças que precisam de antirretrovirais é de 16 por cento. O número de órfãos de SIDA é de 176 mil e 901.
A cobertura total de tratamento na população em geral é de 27 por cento e a prevalência de VIH (15-49) de 2 por cento. Há, no país, 210 mulheres vivendo com HIV e 90 mil homens vivendo com o mesmo vírus.
Para o presidente da ANASO, o surgimento da pandemia da Covid-19, que rapidamente se disseminou por todo mundo, reclamou a atenção imediata das autoridades de saúde, provocando uma certa “desatenção” em relação à luta contra o VIH e SIDA.
Falta de medicamentos
O país regista, desde Março deste ano, uma rotura no “stock” de antirretrovirais de primeira e segunda linha. A situação, segundo ANASO, deixa vulnerável cerca de 25 mil pessoas sem medicação. Para além da escassez de medicamentos, a Covid-19 aumentou ainda as dificuldades sociais dos doentes.
A propósito, o secretário de Estado da Saúde, Franco Mifinda, fez saber que a rotura do “stock” está a ser resolvida.
Disse ser com medicamentos do género que alguns países do mundo estão a fazer o seguimento da Covid-19, o que criou alguma rotura.
No caso de Angola, disse que a situação está a ser ultrapassada. “Todavia, pode haver alguma insuficiência sobretudo em medicamentos para seguimento pediátrico”.
Informou que, apesar da Covid-19 estar a dominar a agenda política do mundo, os serviços essenciais de saúde no país não deixaram de funcionar.
Fez saber que o Governo continua preocupado com a construção de instituições sanitárias, para a expansão do Programa de VIH e SIDA.
Entretanto, o director da ONUSIDA em Angola, Michel Kouakou, ressaltou que a solidariedade global e a responsabilidade compartilhada exigem que se vejam as respostas globais de saúde, incluindo a resposta à SIDA, de uma nova maneira.
Marcha virtual de solidariedade contra SIDA
Em saudação ao Dia Mundial da SIDA 2020, que se comemora a 01 de Dezembro, a ANASO e os seus parceiros promovem uma Marcha Virtual Internacional de Solidariedade contra a SIDA, envolvendo pessoas em todo país e de outras partes do mundo.
Está, igualmente, programado um concurso denominado Canta Sida e um Natal solidário com crianças vivendo com VIH e órfãos de SIDA.
O concurso Canta SIDA, que vai na sua segunda edição, é um projecto de educação e sensibilização para a redução do estigma e discriminação, tendo no artista a sua principal figura para disseminação da informação.
Este ano o Canta SIDA conta com a cantora Yola Semedo que, na qualidade de embaixadora da Boa Vontade da ONUSIDA em Angola, se junta a causa e vai realizar uma live solidária que vai marcar o fim do concurso.
A ANASO e os seus parceiros vão, igualmente, desenvolver uma campanha de mobilização de recursos que serão transformados em bens, como cestas básicas e brinquedos a favor de um universo de cerca de 28 mil crianças vivendo com HIV e órfãos de SIDA.