Apesar das restrições impostas pelo Governo angolano, para travar a proliferação da Covid-19, milhares de imigrantes da República Democrática de Congo continuam a tentar, todos os dias, entrar na Lunda Norte, de forma ilegal.
Só no período de Março a Junho deste ano, nove mil e 494 tentativas de violação da fronteira foram registadas pelas autoridades policiais naquela localidade do Leste do país.
Conforme as autoridades migratórias locais, os nove mil 494 foram detidos e repatriados para o seu país de origem, através dos postos fronteiriços de Chissanda e Tchicolondo.
Para entrar na Lunda Norte, os imigrantes escolhem um ponto coberto de vegetação, com menor e/ou quase sem visibilidade das forças de defesa, por onde tentam invadir os marcos fronteiriços.
Saídos de localidades que consideram ter altos índices de pobreza, os imigrantes têm como meta fixar-se nas zonas de exploração diamantifera dessa província do Leste.
As tentativas de invasão da fronteira ocorrem, geralmente, à noite, período em que tentam driblar a guarda fronteiriça, atravessando zonas desabitadas com altos riscos de morte.
São, maioritariamente, jovens com idades compreendidas entre os 18 e 35 anos de idades, que se fazem acompanhar de crianças.
De acordo com as autoridades da Luanda Norte, os imigrantes ilegais tentam entrar a qualquer preço no país.
A presença destes ao redor da fronteira continua considerável, apesar das medidas de restrição impostas pelas autoridades angolanas, para prevenir novos casos de Covid-19.
Desde o dia 27 de Março, no âmbito da prevenção e combate à doença, as autoridades impuseram medidas, entre as quais o encerramento das fronteiras terrestres.
Com este passo, foi reforçado o número de agentes da Policia de Guarda Fronteira, Forças Armadas Angolanas e da Polícia de Intervenção Rápida, para travar tentativas de violação da extensa fronteira entre Angola e RDC.
Nesse trabalho, as forças estão a utilizar equipamentos modernos para fiscalização eventuais entradas ilegais de produtos e imigrantes daquele país.
Para a melhoria do serviço operativo, segundo o comandante da 7ª Unidade da Policia de Guarda Fronteira na Lunda Norte, Lourenço Filipe, impõe-se a criação de picadas, nos principais pontos, já identificados, utilizados pelos migrantes para entrar no país.
Lourenço Filipe disse que os postos do Furi-3 e Txumo, municípios do Chitato e Cambulo, são os que mais registaram casos de violação de fronteira, por serem zonas de exploração de diamantes, principal atracão dos imigrantes.
Disse que a estratégia dos mesmos varia de acordo com a actuação das forças, exigindo a mudança de tácticas para contrapor toda a “engenharia” destes.
Apontou como principal dificuldade o auxilio de alguns cidadãos angolanos que abrigam os estrangeiros ilegais, passando-se por parentes.
Desde o encerramento das fronteiras terrestre, a Policia de Guarda Fronteira na Lunda Norte deteve e repatriou mais de seis mil estrangeiros da RDC, que tentaram entrar, utilizando, caminhos “fiotes”.
Além da missão de assegurar a inviolabilidade das fronteiras, a PGF tem estado a combater neste período outros crimes transfronteiriços, como o contrabando de combustíveis, tráfico ilícito de moedas nacionais e estrangeiras.
Recentemente, a PGF frustrou uma tentativa de contrabando de 29 mil litros de combustível, no posto fronteiriço do Marco 5, tendo resultado na apreensão de quatro viaturas e um milhão, 475 mil kwanzas.
Aumento do efectivo
Tendo em conta as constantes violações, recentemente o comandante-geral da Polícia Nacional (PN), Paulo de Almeida, em visita à província da Lunda Norte, anunciou o aumento do número de efectivos da Polícia de Guarda Fronteira, atraves de recrutamentos.
A província da Lunda Norte partilha uma fronteira de 770 quilómetros com a RDC.