O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse hoje que os ‘media’ promovem o pânico com notícias sobre transmissão da covid-19 por pacientes assintomáticos, atacou a Organização Mundial de Saúde e defendeu o fim do isolamento social.
“Esse pânico que foi pregado lá trás por parte da grande ‘media’ começa talvez a se dissipar levando em conta o que a OMS falou por parte do contágio dos assintomáticos”, declarou o Presidente brasileiro numa reunião ministerial em citou declarações da epidemiologista Maria van Kerkhove, da OMS.
A epidemiologista e principal responsável técnica da resposta à covid-19 da OMS afirmou na segunda-feira que a transmissão da covid-19 por pacientes sem sintomas da doença, como febre ou tosse, parece ser “rara”.
Contudo, a especialista frisou que há diferença entre assintomáticos e pré-sintomáticos, que são as pessoas que vão desenvolver algum sintoma da doença.
O Presidente brasileiro, que é um dos líderes mais céticos do mundo em relação ao potencial destrutivo da doença, chegou a classificar de “absurdas” as medidas de isolamento social adotadas pelos governadores do país para conter o avanço da pandemia usou esta fala em seus apelos diários em prol da reabertura da economia.
Bolsonaro salientou que a declaração da epidemiologista corrobora sua tese de que o isolamento social não é necessário. Ele também disse que as pessoas estão seguindo a OMS de forma “cega”.
“O Governo federal [brasileiro] espera algo de concreto nas próximas horas, nos próximos dias, o que será muito bom para o Brasil e o mundo. A OMS falará com certeza sobre as suas posições adotadas nos últimos meses, o que levou a muita gente a segui-la de forma cega”, declarou Bolsonaro.
Na segunda-feira, o chefe de Estado brasileiro já havia usado das redes sociais para dizer que a OMS errou em suas orientações sobre o novo coronavírus.
“Após pedirem desculpas pela hidroxicloroquina, agora a OMS conclui que pacientes assintomáticos (a grande maioria) não têm potencial de infetar outras pessoas. Milhões ficaram trancados em casa, perderam seus empregos e afetaram negativamente a Economia”, escreveu Bolsonaro na rede social Twitter, ao publicar também uma notícia sobre as declarações de Maria van Kerkhove sobre pacientes sem sintomas.
Além do ceticismo do governante, as informações do Ministério da Saúde sobre o avanço da pandemia no Brasil têm perdido a credibilidade.
O Governo brasileiro mudou a metodologia de divulgação dos números, excluindo totais de mortos e contaminados e decidiu que disponibilizará para jornalistas e para a sociedade civil em um portal sobre o novo coronavírus apenas os dados referentes às últimas 24 horas.
No final de semana, o país chegou a divulgar dois dados divergentes sobre a doença em pouco mais de uma hora.
Estas medidas impulsionaram a criação de um consórcio de ‘media’, que passou a relatar casos e mortes por covid-19 com informações das secretarias dos 26 estados brasileiros e o Distrito Federal.
O consórcio, formado por jornalistas de G1, “O Globo”, “Extra”, “O Estado de S. Paulo”, “Folha de S. Paulo” e UOL, destacou na segunda-feira à noite que o Brasil registou 849 novas mortes por covid-19 nas últimas 24 horas.
Segundo o consórcio, o país registou até às 08 da manhã desta terça-feira 37.359 mortes e 711.696 casos confirmados de covid-19.
Já o Ministério da Saúde brasileiro relatou, na noite de segunda-feira, que o país tem 37.134 mortes e 707.412 casos confirmados desde o início da pandemia.
O Brasil é o segundo país do mundo com maior número total de casos, e o terceiro com mais mortes, sendo o foco da pandemia na América Latina.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 406 mil mortos e infetou mais de 7,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.