Um relatório interno do Exército espanhol prevê que Espanha venha a ser assolada por mais duas vagas da covid-19 e que só deverá regressar à normalidade dentro de ano a ano e meio, reportou hoje a AP.
No relatório, a que a agência noticiosa Associated Press (AP) teve acesso, depois de ter confirmado oficialmente a notícia inicialmente avançada pelo diário espanhol ABC, os especialistas militares espanhóis indicaram a possibilidade de a segunda vaga acontecer no próximo outono ou inverno.
“Será menos perigoso do que a epidemia inicial devido ao aumento da imunidade da população e a uma melhor preparação. Há uma possível terceira vaga que aparecerá ainda mais enfraquecida” em 2021 se já estiver disponível uma vacina, acrescenta-se no documento.
O relatório foi elaborado por especialistas do Exército como uma própria previsão da pandemia, que pode ser partilhado com as autoridades civis.
O Governo espanhol tem os seus próprios especialistas que tornam possíveis as decisões que têm sido tomadas no quadro das políticas de saúde, tendo também em conta opiniões de outras instituições e de peritos estrangeiros.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, avisou que considera “altamente provável” que o novo coronavírus possa regressar até que seja desenvolvida uma vacina.
As autoridades sanitárias espanholas estão a efetuar um levantamento epidemiológico para determinar a extensão do contágio, incluindo vários milhares de pessoas que estiveram ligeiramente doentes, com tosse e febre alta, mas que nunca foram testadas num hospital.
Acredita-se que sejam vários milhares de pessoas que estiveram infetadas, mas que nunca apresentaram sintomas.
Hoje, o Ministério da Saúde espanhol afirmou que o pessoal médico e hospitalar tirou amostras de sangue a mais de 46.000 pessoas na primeira semana do levantamento e que espera atingir entre os 60.000 e os 90.000 testes.
Mais de 26.000 espanhóis morreram vítimas da covid-19, entre os mais de 260 mil casos confirmados.
O Exército espanhol tem desempenhado um papel fundamental no combate à propagação do vírus no quadro do estado de emergência instaurado em meados de março.
Milhares de soldados e de médicos militares foram destacados para os hospitais, desinfetando centros de saúde e transportando equipamentos e doentes entre hospitais e de hospitais para morgues.
No relatório, os especialistas sanitários do Exército consideraram que, como medidas a tomar nas próximas semanas, ser de “extrema importância” desenvolver uma forma de seguir os doentes contaminados através de aplicações móveis.
Até agora, Espanha não tomou qualquer posição em relação às aplicações móveis, continuando a confiar nas redes e clínicas locais de saúde pública para monitorar futuros casos.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 269 mil mortos e infetou mais de 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de 1,2 milhões de doentes foram considerados curados.