Sábado, 18 de Outubro, 2025

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Angola em ponto de ebulição

O aumento de execuções de civis por desconhecidos, surgimento de suspeitas de esquadrões de mortes, retóricas de guerra, perseguições e intimidações de sindicalistas, ameaças de mortes contra activistas, prisões arbitrarias de activistas e acusações entre organizações juvenis ligados ao MPLA e organizações juvenis independentes são um claro sinal de que o país caminha à passos largos em diracção ao desastre.

De algum tempo para aqui, o partido que governa Angola tem estado a tentar criar situações de conflito com outras forças vivas da sociedade para justificar um banho de sangue, situações essas que a sociedade civil tem sabido evitar. Um exemplo vivo são os acontecimentos que tiveram lugar no período pós-eleitoral, quando a cidade de Luanda ficou rodeada de militar inclusive com atiradores dispersados pelos pontos mais altos da cidade com missão de matar quem se atrevesse sair à rua e desafiar os resultados eleitorais do MPLA.

De lá para cá, os discursos de ameaças de sangue têm sido prevalentes, no dia 4 de abril, dia paz, o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, general Furtado, voltou a falar, no seu discurso, sobre elementos que estão a promover instabilidade política no país e que precisam de ser contidos. Do ponto de vista do general Furtado, todos os actos cívicos de manifestação democrática que não suportam a visão do MPLA, são actos de sublevação e devem ser combatidos de forma categórica.

Para o MPLA, governar é ter o povo sob estado constante de ameaça ao ponto de este não resistir ou desafiar a sua autoridade, assim como aconteceu no período depois 27 de Maio de 1977. Por outras palavras, o MPLA quer voltar para o período pós-77. Claramente, o MPLA não tem sabido lidar com a pluralidade de ideais e de uma forma em geral, não suporta ver a sua autoridade desafiada. Por essa razão, tem estado a procurar instaurar um “Estado de Medo”, até agora sem sucesso.

A situação pode mudar

Os angolanos estão cansados de viver na pobreza, num país sem rumo, sem futuro nem esperança, desgovernado por um partido que tem como a sua principal estratégia o terror, a injustiça, a discriminação, a corrupção e o autoritarismo.

Os tempos mudaram, mas o regime parece não querer perceber o que se está a passar. E isso está a gerar uma escalada de tensão que tem se manifestado em discursos musculados, ameaças de morte e assassinatos.

A greve no sector da justiça, no ensino superior, somando o anúncio do SINPROF de paralisação das aulas no ensino primário e secundário em junho, assim como as declarações tornadas públicas pelos militares afectos à Casa Militar do Presidente da República no Cuando Cubango, que estão há 22 meses sem salários, é visto como afronta ao regime que precisa ser eliminado.

O anúncio da JPMPLA, organização juvenil do MPLA, em realizar um evento de massas no mesmo dia, hora e local em que Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) tinha marcado a sua manifestação não deve ser visto como uma coincidência, mas como um acto deliberadamente planeado.

Atenção a jogada!

Exortamos aos partidos políticos da oposição, organização religiosas e ONGs a mediarem esta situação para e evitar o pior.

O MPLA sabe e está bem consciente que está a perder o poder, e que a violência é o seu único remédio para permanecer no poder.

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