Dez placas, correspondendo a uma extensão de 20 metros do traçado do Canal do Cafu (Sistema de Transferência de Água do Rio Cunene), na província do Cunene, foram deslocadas devido a inundações de uma das chanas que circundam o projecto.

Inaugurado a 4 de Abril de 2022, pelo Presidente da República João Lourenço, o projecto que custou cerca de 130 milhões de dólares, visa combater a seca severa e beneficiar 230 mil habitantes e 255 mil cabeças de gado naquela região sul do país.
A informação foi avançada este domingo pelo director geral do Instituto Nacional dos Recursos Hídricos (INRH), Narciso Ambrósio, segundo o qual o defeito se verifica desde o passado dia 1 de Fevereiro.
Conforme o responsável, da avaliação efectuada, o deslocamento das placas deriva das fortes chuvas que ocorreram nos últimos dias na região, causando o transbordo de uma chana e a posterior a infiltração das águas no traçado do canal.
Narciso Ambrósio descartou a hipótese da má qualidade da obra, realçando que, no percurso de 160 quilómetros do canal, não se registam pontos críticos.
O responsável adiantou que 2023 é um ano hidrológico excepcional, com a ocorrência de chuvas bastante intensas, obrigando a uma avaliação contínua para a monitorização das águas.
De acordo com Narciso Ambrósio, a equipa técnica composta pelo INRH, o empreiteiro, o fiscal e o Governo da província estão a recolher informações a fim de se encontrar a solução para se impedir ou desviar as águas das chuvas, de modo a criarem-se condições de segurança ao longo do canal.
“O desafio actual é fazer uma monitorização e acompanhamento das águas das chuvas até finais de Abril, para a posterior reavaliação das soluções técnicas de engenharia, disse.
Narciso Ambrósio recordou que os projectos encontram-se no período de garantia, de três anos, com o empreiteiro a ter a responsabilidade de realizar a manutenção correctiva.
Estrutura do Cafu
O canal adutor do Cafu é o primeiro de um lote de cinco projectos do Governo angolano criados no quadro do programa de acções estruturantes de combate à seca naquela região, que vai beneficiar 235 mil pessoas dos municípios de Ombadja, Cuanhama e Namacunde.
Avaliado em 44 mil milhões, 358 milhões e 360 mil 651 kwanzas, vai permitir ainda o abeberamento de 250 mil animais e a irrigação de cinco mil hectares de campos agrícolas.
A empreitada de construção do canal foi decidida depois de uma visita do Presidente da República às Cacimbas, em Ombala Yo Mungo, município de Ombadja, em Maio de 2019, na altura afectada por uma seca severa.
Nesse sistema, foram instaladas estruturas metálicas da câmara de aspiração e pontos de tomada de água, edifício da subestação eléctrica, com três grupos geradores com capacidade de um megawatt MW) e reservatório unidimensional, além de painéis solares capazes de gerar 1.5 megawatt (MG) de energia.
O projecto tem um canal a céu aberto, numa extensão de cerca de 160 km.
O canal principal tem 47 km, desde a estação do Cafu a Ombala yo Mungo, e dois outros, que ligam a região de Ndombondola (55 km) e Namacunde (53 km).
O projecto conta com 30 chimpacas (reservatórios de água), de 100 metros de comprimento, 50 de largura, cinco a seis de profundidade e a capacidade de armazenamento de água que varia de 25 mil a 30 mil metros cúbicos.
Angop