O ex-presidente de Cabo verde Jorge Carlos Fonseca disse hoje à Lusa que a sua escolha como Personalidade Lusófona 2022, numa iniciativa do Movimento Internacional Lusófono (MIL), constituiu uma surpresa e é também um estímulo.
“Foi uma surpresa para mim, mas também é um motivo de satisfação. E um estímulo. Eu que sempre, antes de ser Presidente da República, e mesmo depois, sempre tive a perspetiva de que para as democracias são muito importantes os impulsos das instâncias da sociedade civil”, afirmou Jorge Carlos Fonseca, que exerceu dois mandatos como chefe de Estado cabo-verdiano (2011-2021).
O prémio MIL Personalidade Lusófona 2022 foi entregue no âmbito do 1.º Encontro do Observatório SEDES CPLP – VIII Congresso da Cidadania Lusófona, realizado em Lisboa.
Jorge Carlos Fonseca disse ainda à Lusa que a importância das organizações da sociedade civil assenta na capacidade de “assegurar equilíbrios e ponderação”, porque transmitem “sinais de democraticidade para o interior do Estado”, o que torna estas instituições “importantes do ponto de vista do processo e de desenvolvimento democrático político dos países”.
O ex-presidente cabo-verdiano destacou as intervenções que assumiu antes de ser eleito e depois como chefe de Estado.
“Sempre me bati pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa [CPLP]. Sempre me bati para a criação de uma verdadeira comunidade de cidadãos e de povos mais do que propriamente a comunidade de Estados e de países. E que depois de ser Presidente da República, presidindo aos destinos da CPLP, dei uma contribuição para que alcançássemos um acordo no quadro de mobilidade no seio da CPLP”, frisou.
A questão da mobilidade é para Jorge Carlos Fonseca o aspeto mais importante na CPLP.
“É muito importante para o futuro. Para um futuro, uma meta quase utópica, de livre circulação nos países da comunidade. Só tem sentido uma comunidade, qualquer que ela seja, se os cidadãos comuns de Cabo Verde, Brasil, Portugal, Guiné-Bissau se sentirem membros dessa comunidade, se puderem beijar o solo, puderem viajar e circular livremente”, considerou.
“Portanto, a mobilidade é o pressuposto de todo o resto, porque sem mobilidade não há desenvolvimento económico, nem empresarial, nem mercado comum cultural e é tudo discursos bonitos”, acrescentou.
Daí que para Jorge Carlos Fonseca receber este prémio “é um estímulo”.
“É um sinal de que deixando a função de Presidente da República, estarei sempre disponível para lutar pela formação dos espaços da CPLP, para que seja cada vez mais próxima de uma comunidade de cidadãos e para que a língua portuguesa seja mais divulgada, mais promovida”, referiu.
Lusa