O presidente da comissão da União Africana (UA) condenou hoje os “ataques aéreos” israelitas na Faixa de Gaza, alegando que a escalada da violência dos últimos dias vai complicar a procura de uma solução para o conflito.

“Moussa Faki Mahamat condena fortemente os contínuos ataques aéreos de Israel em Gaza, que mataram mais de 30 civis palestinianos, incluindo seis crianças”, disse a UA, em comunicado hoje divulgado.
“O ataque a civis, bem como a contínua ocupação ilegal de territórios ocupados pelas forças de segurança israelitas, constitui uma violação flagrante do direito internacional e complica a procura de uma solução justa e duradoura”, acrescenta a organização.
A relação com Israel é uma fonte de divergências dentro da UA.
A decisão avançada em julho por Moussa Faki Mahamat, de credenciar Israel com o estatuto de observador, provocou fortes protestos entre vários dos 55 Estados-membros, incluindo a África do Sul e a Argélia, que lembrou que a nova posição do Estado judeu contraria as declarações da organização, que apoia os territórios palestinianos.
A violência entre o exército israelita e a Jihad Islâmica Palestiniana, entrincheirada na Faixa de Gaza, continua hoje sem sinais de trégua.
Este é o confronto mais sério desde a batalha de 11 dias registada no passado neste território costeiro, que abriga cerca de 2,3 milhões de palestinianos.
Em maio de 2021, o conflito causou a morte de 260 palestinianos e 13 israelitas.
A Jihad Islâmica Palestiniana lançou quase 600 ‘rockets’ contra Israel desde sexta-feira, segundo dados divulgados hoje pelo exército israelita, que, por sua vez, atacou cerca de 140 alvos do grupo na Faixa de Gaza.
O exército israelita informou hoje que pelo menos 585 ‘rockets’ foram lançados de Gaza pelo grupo Jihad Islâmica desde que teve início o atual pico de tensão, tendo provocado, até agora, 32 mortos — todos palestinianos — e mais de 250 feridos.
Entre os mortos registados contam-se pelo menos nove membros da milícia da Jihad, incluindo Khaled Mansur e Taysir al-Jabari, os principais comandantes do seu braço armado.
Por sua vez, o Ministério da Saúde palestiniano especificou que entre os mortos estão também seis crianças e quatro mulheres.
O atual pico de tensão começou após a detenção, na segunda-feira, do alto dirigente da organização Jihad Islâmica na Cisjordânia, Bassem Saadi.
Face a rumores sobre a possibilidade de ações armadas de retaliação a partir do enclave palestiniano, Israel lançou um ataque preventivo contra alvos da Jihad em Gaza.
O movimento palestiniano Hamas mantém-se, por enquanto, à margem do conflito, o que conseguiu conter a sua intensidade, mas já condenou Israel, considerando que está “novamente a cometer crimes”.
Lusa