A polícia e o exército dispararam hoje tiros para dispersar manifestantes contra a Missão das Nações Unidas no leste da República Democrática do Congo (Monusco), perto de uma base no Beni, após a morte de congoleses por ‘capacetes azuis’.
A polícia disparou gás lacrimogéneo e os militares dispararam tiros para o ar para dispersar dezenas de manifestantes contra a Monusco no Beni, cidade da província do Kivu Norte, no leste da República Democrática do Congo (RDCongo).
As forças de segurança congolesas montaram tendas e perímetros de segurança em frente às instalações da Monusco na cidade de Beni. Os ‘capacetes azuis’ também reforçaram as medidas de segurança das suas instalações com veículos blindados e tanques de batalha, adiantou a agência noticiosa.
“Estamos diante de uma força que tem todos os meios militares, logísticos e financeiros para acabar com as atividades dos grupos armados, mas não os usa, por isso estamos pedindo a saída desses turistas”, disse Losuire Shabani, do movimento pró-democracia Luta pela Mudança (Lucha).
“Nós vamo-nos manifestar, até conseguirmos efetivamente a sua saída, porque agora as forças de paz estão a matar-nos em vez dos milicianos armados”, acrescentou, enquanto lançava mensagens para mobilizar os manifestantes.
A Monusco está presente na RDCongo desde 1999 com a missão de neutralizar centenas de grupos armados locais e estrangeiros ativos no leste do Congo.
Depois de dispersos, os manifestantes paralisaram Beni com barreiras erguidas nas principais artérias, impedindo a circulação de veículos e motociclos, enquanto as forças de segurança permaneceram visíveis em vários recantos estratégicos da cidade com 800 mil habitantes, segundo as últimas estimativas da câmara municipal.
Na província vizinha de Kivu do Sul, dezenas de manifestantes que tentaram bloquear a estrada que faz a ligação a Uvira, no alto de Sange, foram dispersos “sem quebrar” pela polícia, declarou Marcel Matabishi, chefe desta cidade.
No domingo, as forças de paz que regressavam de uma licença no Uganda abriram fogo antes de abrir a barreira e cruzar a fronteira congolesa no posto fronteiriço de Kasindi em Beni. Duas pessoas morreram e 15 ficaram feridas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar “indignado”, a Monusco tratou este tiroteio como um “incidente grave”, “indescritível e irresponsável”, enquanto o governo congolês condenou este incidente e pediu à população “quietude”.
Lusa