Pelo menos nove pessoas morreram nesta quinta-feira (30) durante a repressão de manifestações maciças contra o governo militar em Cartum, a capital do Sudão, informou um grupo de médicos pró-democracia.
As forças de segurança lançaram bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral para tentar dispersar dezenas de milhares de manifestantes, segundo os correspondentes da AFP presentes no local.
Nove manifestantes foram mortos pelas forças de segurança, pelo menos sete deles, incluindo um menor de idade, “por balas” disparadas “no peito” ou “na cabeça”, informou um sindicato de médicos pró-democracia, denunciando também incursões das forças de segurança com disparos de bombas de gás lacrimogêneo dentro dos hospitais da capital.
Na noite de quarta-feira, quando pequenas concentrações se formaram para convocar as manifestações desta quinta, um jovem foi morto por uma “bala no peito” em Cartum, segundo esses médicos.
O Sudão, um dos Estados mais pobres do mundo situado na África Oriental, vive uma onda de protestos contra o golpe de Estado do general Abdel Fattah al Burhan em 25 de outubro de 2021.
Após o golpe, o país foi suspenso da União Africana (UA) e deixou de receber ajuda internacional, e cada vez mais afundado numa crise económica.
O golpe acabou com a presença civil no poder, uma condição que havia sido estipulada durante as negociações para a transição à democracia iniciada em 2019, depois de 30 anos de ditadura de Omar al Bashir.
Bashir foi derrubado em abril de 2019 pelo exército depois de um movimento de protestos maciços.
“O povo quer a queda do general Abdel Fattah al Burhan”, gritavam os manifestantes nesta quinta. “Mesmo que todos nós tenhamos que morrer, os militares não nos governarão”, entoava em coro a multidão.
O dia 30 de junho é um simbólico para este grande país da África Oriental porque marca duas datas importantes: o aniversário do golpe que levou o ditador Omar al-Bashir ao poder em 1989 e o início das manifestações de 2019 que levaram os generais a integrar os civis ao poder depois de derrubar o ditador.
AFP