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EUA ecoam preocupação com aumento do extremismo religioso na Guiné-Bissau

Líderes religiosos guineenses alertam para um aumento do extremismo religioso na Guiné-Bissau, sublinha o relatório do Governo norte-americano sobre liberdade religiosa, que ecoa ainda preocupações com o crescente número de pessoas acusadas de feitiçaria no país.

“Alguns líderes religiosos (…) manifestam preocupação com o alastrar do extremismo religioso” na Guiné-Bissau, pode ler-se no relatório anual sobre liberdade religiosa no mundo, divulgado pelo Departamento de Estado.

No relatório relativo a 2021, lançado na quinta-feira, o departamento liderado pelo chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, denuncia perseguições contra minorias religiosas na China, Afeganistão, Birmânia e Arábia Saudita.

No capítulo relativo à Guiné-Bissau, o relatório diz que, embora os Estados Unidos não tenham representação diplomática em Bissau, um representante do Governo norte-americano reuniu-se em outubro com líderes islâmicos e católicos no país, para discutir questões como a tolerância e coexistência, bem como a sua preocupação com o aumento do extremismo religioso.

Alguns desses líderes acusaram o Governo de não fazer o suficiente para combater a ameaça do extremismo e um deles alertou que uma percentagem pequena, mas crescente, de mesquitas e escolas islâmicas no país, financiadas por islamitas sediados no estrangeiro, eram potenciais incubadoras de radicalismo, promovendo ideias que conflituam com as tradições mais moderadas das restantes mesquitas do país.

Outro líder muçulmano acusou o executivo de falhar na promessa de transformar as escolas exclusivamente árabes em escolas convencionais que incluíssem aprendizagem de português e matérias seculares para facilitar a integração dos alunos na sociedade.

Alguns líderes, acrescenta o relatório, identificaram a educação como o mais importante fator para mitigar o problema do extremismo religioso, sublinhando que o risco aumenta quando os jovens viajam para o estrangeiro e são expostos a uma prática mais radical do Islão.

Um líder disse que as crianças devem ser ensinadas desde cedo a construir uma base forte de crenças tradicionais antes de viajarem para o estrangeiro, onde os seus valores podem ser facilmente manipulados.

O relatório cita ainda a Liga dos Direitos Humanos da Guiné-Bissau, que contabilizou 50 casos de pessoas acusadas de feitiçaria desde 2019.

Desses, 20 casos resultaram na morte dos acusados, seis dos quais em 2021.

Segundo a organização, os números revelam um aumento substancial dos casos nos últimos três anos.

O relatório do Departamento de Estado, que estima em dois milhões a população guineense, diz que as estimativas sobre a composição religiosa do país varia muito, mas cita o Projeto Global Pew-Templeton (2020), segundo o qual 46% da população é muçulmana, 31% segue práticas religiosas indígenas e 19% é cristã.

Budistas, hindus, judeus e outros não representam juntos 5% da população.

Lusa

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