O Mundial de Fórmula 1 de 2021 será apenas o segundo em 72 edições da competição em que dois pilotos chegam empatados à última prova, com Max Verstappen e Lewis Hamilton a decidirem o título em Abu Dhabi.
Se agora o neerlandês Max Verstappen (Red Bull) e o britânico Lewis Hamilton (Mercedes) chegam a Abu Dhabi com 369,5 pontos, em 1974 o brasileiro Emerson Fittipaldi (McLaren) e o suíço Clay Regazzoni (Ferrari) tinham 52 pontos à entrada para a derradeira ronda, em Watkins Glen, nos Estados Unidos. Na altura, o sul-africano Jody Scheckter (Tyrrell) ainda estava matematicamente na corrida, mas acabou na terceira posição.
A prova ficou marcada por um acidente mortal, do austríaco Helmuth Koinigg, que morreu instantaneamente após ter entrado em pião na curva 7.
Para a história ficou o segundo título de Fittipaldi, graças ao quarto lugar na corrida, enquanto Regazzoni foi 11.º classificado.
Em 72 temporadas, essa foi a única em que dois pilotos estiveram empatados na derradeira prova.
No entanto, em 28 ocasiões o campeão só ficou decidido na última corrida, sendo que a última vez em que isso aconteceu, o título ficou para o alemão Nico Rosberg (Mercedes), em 2016, o único a conseguir bater Lewis Hamilton na era híbrida.
Aos 24 anos, Verstappen pode tornar-se o quarto mais novo campeão de sempre e o primeiro nascido nos Países Baixos, enquanto Hamilton, de 36 anos, corre para ser o melhor da história e tornar-se o primeiro piloto de sempre a alcançar oito campeonatos conquistados (atualmente tem os mesmos sete do alemão Michael Schumacher).
Além da batalha em que esteve envolvido com Rosberg em 2016 (apesar da vitória, Hamilton viu o título entregue ao companheiro de equipa, que foi segundo classificado), o piloto britânico já sabe o que é ser campeão na derradeira prova.
Aconteceu em 2008, quando bateu o brasileiro Felipe Massa (Ferrari) em Interlagos (Brasil) na última curva.
Massa ainda foi campeão por breves segundos, até Hamilton, que era sexto, ultrapassar o alemão Timo Glock (Toyota) na última curva, ascendendo ao quinto posto, o último que precisava para ser campeão, naquele que foi o primeiro título do agora piloto da Mercedes.
Para a história ficaram ainda outros finais dramáticos, como o de 1997, em que o canadiano Jacques Villeneuve (Williams) aguentou um toque do Ferrari de Michael Schumacher na volta 48 da corrida disputada no circuito espanhol de Jerez de la Frontera, para terminar em terceiro e reclamar o título, enquanto a corrida do alemão (que viria a ser desclassificado do Mundial desse ano) acabou na gravilha.
Três anos antes, contudo, Michael Schumacher conquistou o primeiro dos seus sete títulos graças a um toque no Williams do britânico Damon Hill, que deixou ambos fora de prova e o título nas mãos do alemão. Um título que ficou manchado, ainda, pela morte do brasileiro Ayrton Senna no Grande Prémio de Ímola, em maio desse ano.
Um dos mais surpreendentes, contudo, terá sido o título de 1956, em que três pilotos chegaram à última prova em Monza (Itália) com a possibilidade de festejar o campeonato.
O argentino Juan Manuel Fangio (Ferrari) procurava o quarto dos cinco que conquistou, mas o britânico Peter Collins (Ferrari) e o francês Jean Behra (Maserati) tentavam ser campeões pela primeira vez.
O Maserati de Behra sofreu um problema mecânico e o francês foi forçado a abandonar. Fangio também teve de encostar nas boxes quando a coluna de direção do seu Ferrari cedeu. O italiano Luigi Musso, seu companheiro de equipa, recusou ceder o seu carro.
Nessa altura, Collins, que tinha tudo em aberto para conquistar o título, decidiu ceder o seu Ferrari D50 ao argentino, que, terminando segundo atrás do britânico Stirling Moss, se sagrou campeão pela quarta vez, terceira consecutiva (viria ainda a conquistar o título no ano seguinte).
“Foi um gesto fantástico. Abracei-o e dei-lhe um beijo”, contaria Fangio, no final.
Lusa