A União Africana (UA) vai lançar oficialmente, na sexta-feira, o Observatório Africano das Migrações, uma estrutura que visa dar resposta à falta de dados fiáveis sobre os fenómenos migratórios no continente, foi hoje anunciado.
A nova estrutura terá sede em Rabat, Marrocos, e será inaugurada no Dia Internacional dos Migrantes, que se assinala a 18 de dezembro, dois anos depois de aprovada a sua criação.
“As deficiências e escassez de dados têm limitado a capacidade dos estados membros da União Africana para conceberem políticas de migração coerentes”, adiantou, em comunicado, a organização.
Paralelamente, acrescenta a UA, “o caráter informal dos movimentos migratórios, a porosidade das fronteiras e a complexidade da recolha de dados sobre a mobilidade humana a nível continental tornaram a gestão dos movimentos migratórios muito difícil”.
Neste contexto, o Observatório Africano das Migrações irá abordar a “necessidade real e premente de África gerar conhecimento e compreender melhor o fenómeno migratório”, bem como “ajudar a desenvolver – com base em dados fiáveis – políticas e programas de migração claros, eficazes e realistas”.
Deverá ainda promover a cooperação continental e internacional na área das migrações.
A União Africana (UA) e a Organização Internacional das Migrações (OIM) apresentaram, em outubro, o primeiro relatório sobre as migrações africanas, documento que contraria a narrativa de que a maioria dos migrantes de África têm como destino a Europa ou os Estados Unidos.
De acordo com os dados, 80% dos africanos que pensam em migrar, pretendem fazê-lo dentro do continente.
O documento indica ainda que África representa apenas 14% dos migrantes globais e que 94% dos migrantes africanos que deixam o continente o fazem de forma regular.
Dos 40,2 milhões de migrantes africanos registados em 2019, 53% encontravam-se em África, 26% na Europa, 11% na Ásia e 8% na América do Norte.
A União Africana é uma organização pan-africana que reúne 55 países e territórios, incluindo os lusófonos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.