Um conjunto de livros infantis e panfletos sobre os direitos das crianças, provenientes do Instituto Nacional da Criança (INAC), foram hoje, sexta-feira, em Luanda, entregues aos mentores do projecto “Biblioteca Despadronizada”, pela secretária de Estado para a Família e Promoção, Elsa Barber.
Os livros, dentre os quais, “ Histórias do Musseque”, “Emitação de Sartre e Simon D auvoir” e “A Mangueira dos Kwanzas”, dos autores angolanos Jofre Rocha, João Melo e Wilson Neves, respectivamente, vem preencher o espaço literário infantil, debaixo da pedonal do Caminho de Ferro de Luanda (CFL), na Robaldina, Distrito Urbano da Estalagem, município de Viana, em Luanda.
Na ocasião, Elsa Barber, que teve a oportunidade de visitar o projecto dos mentores Arantes Kivuvu e Francisco Mapanda, considerou uma iniciativa louvável, pois a leitura contribui para a saúde mental das pessoas.
Fez saber que a sua visita, de âmbito social, permitiu constatar que, apesar do espaço não ser muito condigno, há, além da leitura, também aulas de alfabetização e jogos, como xadrez.
“ Alegra-nos o projecto, pelo que incentivamos a administração da Estalagem arranjar um espaço que dê alguma dignidade. De louvar também o facto de esse espaço, anteriormente aproveitado para balneário público, hoje, com iniciativa dos jovens, ser recuperado”, asseverou.
A administradora adjunta do Distrito Urbano da Estalagem para área Política e Social, Emília Nunda, assegura que a instituição local vai fazer tudo para que se encontre um espaço com melhores condições para o projecto dos jovens mentores, pois, no actual, não há, por exemplo, casas de banho para atender as crianças, jovens e adultos que acorrerem ao espaço para ler.
Acredita que o próximo ano, essa juventude ávida em ler, possa ter já um espaço condigno, com áreas de lazer, casas de banho, podendo mesmo ser próximo da Avenida Deolinda Rodrigues.
Arantes Kivuvu e Francisco Mapanda, mentores do projecto de leitura gratuita, iniciado a um de Setembro deste ano, mostraram-se satisfeitos pela doação dos livros e a visita da secretária de Estado para a Família e Promoção.
Francisco Mapanda indica que pretendem que mais ofertas de livros e apoios surjam, de modo a ocuparem cada vez mais parte do seu tempo a incentivar e dar a oportunidade das pessoas a lerem.
Arantes Kivuvu revela que para sobreviver vende cigarros e pacotes de Whisky, no mesmo local, actividade que desenvolve antes da criação da Biblioteca Despadronizada.
O director geral do Instituto Nacional da Criança (INAC), Paulo Kalesi, fez saber que os livros doados visam, entre outros objectivos, incentivar os mentores do projecto a passarem para as crianças os seus direitos, de modo a que saibam os mesmos e possam conhecer as instituições onde poderão recorrer, em caso de violação.
Abel Cassinda, de 11 anos e aluno da 4ª classe (morador do KM 9-B-Estalagem), há duas semanas que frequenta o espaço de leitura debaixo da pedonal do CFL, na Robaldina, contou à Angop que já leu quatro livros.
No entanto, destacou a obra infantil “ As caras da mãe”, de Rita Ferreira, que, segundo ele, fala de um bebé traquino, que incomoda muito a mãe e que está só se torna feliz, quando o mesmo adormece.
Marquinho Fernando, de 38 anos, morador do KM 9-A, na Estalagem, entende que o projecto de leitura é de extrema importância, “pois, se se precisa de treinos para melhorar os músculos, devemos também treinar a mente, com livros, para nos mantermos sãos”.
O entrevistado, que trabalha, por mês, duas semanas, por conta da pandemia da Covid-19, aproveita as restantes semanas para passar na Biblioteca Despadronizada para aquisição de mais conhecimentos.
A biblioteca, que existe desde um de Setembro deste ano, com uma presença de pelo menos 500 leitores dia, oferece, das seis horas até as 17 horas, um universo de mil e duzentos livros, desde os de Direito, Literatura, Filosofia, Matemática e banda desenhada, além de jogos de xadrez e aulas de alfabetização.