Segunda-feira, 23 de Dezembro, 2024

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Bombardeamentos se intensificam no conflito de Nagorno Karabakh

As forças separatistas armênias de Nagorno Karabakh e o exército do Azerbaijão intensificaram neste domingo, no oitavo dia de combates, os disparos de artilharia, em particular em Stepanakert, a capital separatista, e em Ganja, a segunda maior cidade do Azerbaijão.

Os dois lados insistiram nas declarações bélicas, ignorando os apelos por uma trégua da maior parte da comunidade internacional e com uma troca de acusações sobre a responsabilidade do conflito.

Desde sexta-feira, Stepanakert, a principal cidade de Nagorno Karabakh, é alvo de ataques que obrigam a população a procurar abrigos. Neste domingo a cidade estava sem energia elétrica.

Os ataques com foguetes foram retomados com intensidade na localidade e as sirenes eram ouvidas de modo incessante.

O centro e a periferia foram afetados e era possível observar a fumaça negra no céu.

Os moradores se esconderam em refúgios como a cripta de uma igreja, onde várias famílias aguardavam num ambiente de resignação.

“As forças azerbaijanas estão apontando para alvos civis”, disse o porta-voz do ministério da Defesa da Armênia, Arstroun Hovhannissian.

As autoridades locais citaram disparos de sistemas de lança-foguetes múltiplos Smerch e Polonez. Drones sobrevoavam a cidade.

O presidente da autoproclamada república, Arayk Harutyunyan, anunciou que, em represália, as forças de Nagorno Karabakh passariam a atacar as infraestruturas militares das grandes cidades do Azerbaijão, mais distantes da frente de batalha, e pediu aos civis que “abandonem imediatamente estas cidades”.

Pouco depois, o ministério da Defesa do Azerbaijão anunciou que a segunda maior cidade do país, Ganja, estava “sob o fogo das forças armênias”.

Baku acusou Yerevan pelos ataques, mas o governo armênio negou.

O porta-voz da presidência de Karabakh, Vagram Pogossian, afirmou que os ataques eram separatistas e que o aeroporto militar foi “destruído”. “Este é apenas o primeiro”, disse.

O governo da Turquia, que apoia o Azerbaijão, condenou o que considerou ataques da Armênia contra civis na cidade de Ganja.

O Azerbaijão também informou ataques com foguetes contra “as cidades de Terter e Horadiz, na região de Fizuli, a partir de Stepanakert”.

Os dois lados reivindicam avanços em vários setores da batalha.

No sábado, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, reafirmou que apenas uma retirada das forças armênias dos “territórios ocupados” poderia acabar com o conflito iniciado nos anos 1990.

O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, disse que o país enfrenta “talvez o momento mais decisivo de sua história” e fez um apelo de mobilização para a “vitória”.

Nagorno Karabakh, uma região habitada principalmente por armênios, anunciou a secessão do Azerbaijão após o colapso da União Soviética, o que provocou uma guerra que deixou 30.000 mortos no início dos anos 1990.

O front está virtualmente congelado desde então, apesar dos confrontos frequentes.

As partes trocam acusações sobre a retomada das hostilidades em 27 de setembro, uma das crises mais graves desde o cessar-fogo de 1994, o que provoca o temor de uma guerra aberta entre Armênia e Azerbaijão.

O balanço do confronto é parcial porque Baku não divulga suas baixas militares. Até o momento foram registadas 245 mortes: 209 combatentes separatistas, 14 civis de Karabakh e 22 civis azerbaijanos.

Cada lado, no entanto, alega que matou mais de 2.000 soldados do campo adversário.

Uma guerra aberta entre as duas ex-repúblicas soviéticas do Cáucaso Sul provoca o receio de uma desestabilização em larga escala que poderia implicar várias potências: Rússia, árbitro regional tradicional, Turquia, aliada do Azerbaijão, Irã e os países ocidentais.

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