O Presidente brasileiro, Lula da Silva, voltou hoje a referir-se à guerra de Israel com o Hamas como um “genocídio” e uma “limpeza étnica” em Gaza, durante uma conferência nas Nações Unidas.

“O direito de defesa não autoriza a matança indiscriminada de civis” e “nada justiça usar a fome como arma de guerra”, frisou o chefe de Estado brasileiro na conferência sobre a solução dos dois Estados (Palestina e Israel), no âmbito da semana de alto nível da 80.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.
“Como manter uma população diante da limpeza étnica a que assistimos em tempo real?”, questionou.
“Tanto Israel como a Palestina têm o direito de existir”, sublinhou o Presidente brasileiro, que condenou também os ataques “terroristas inaceitáveis” do Hamas, em 07 de outubro de 2023.
“Trabalhar para efetivar o Estado palestiniano é corrigir uma simetria que compromete o diálogo e obstrui a paz”, disse.
O Brasil reconhece o Estado da Palestina desde 2010 e tem frisado que o único caminho para a paz é a implementação da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, coexistindo lado a lado com Israel, com as fronteiras definidas desde 1967, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, com Jerusalém Oriental como capital.
O Presidente brasileiro tem sido um dos chefes de Estados mais vocais contra o Governo israelita, que declarou Lula da Silva e “persona non grata” por este afirmar que o país está a cometer um “genocídio” na Faixa de Gaza, e ter comparado o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a Adolf Hitler.
No ano passado, o Brasil retirou o seu embaixador em Israel e ainda não escolheu um substituto.
Mais cedo, a Arábia Saudita apelou a todos os países para que tomem a mesma “medida histórica” de reconhecer o Estado palestiniano, após o anúncio formal de França numa cimeira que os dois países copresidem na ONU.
Antes, o Presidente francês, Emmanuel Macron, tinha anunciado o reconhecimento formal de Paris do Estado da Palestina, uma decisão para promover a paz entre israelitas e palestinianos.
“Chegou o momento (…). Declaro que hoje a França reconhece o Estado da Palestina”, afirmou o chefe de Estado francês.
No âmbito desta conferência, aguarda-se o reconhecimento por parte de Andorra, Bélgica, Luxemburgo, Malta e São Marino.
Na véspera do encontro na ONU, Portugal, Reino Unido, Canadá e Austrália reconheceram formalmente o Estado da Palestina.
Lusa