Sexta-feira, 26 de Setembro, 2025

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Ministro da Agricultura classifica importação de restos de frango como “humilhante e deplorável”

Luanda – O ministro da Agricultura e Florestas, Isaac dos Anjos, criticou duramente a prática de importação de restos de frango para Angola, considerando-a “humilhante” e “deplorável”, e defendeu a aposta na produção nacional como alternativa viável e estratégica para a segurança alimentar.

Em entrevista recente a Televisão Pública de Angola (TPA), o governante abordou a polémica gerada pela proibição da entrada no país de pedaços rejeitados de frango, sublinhando que Angola não deve continuar a aceitar as sobras do processo industrial de outros países.

“Vender a sobra do processo industrial para Angola é humilhante, sim, é deplorável, sim, deve ser proibido absolutamente”, afirmou.

Frango inteiro, sim; restos, não

Isaac dos Anjos explicou que a posição do Executivo não é contra a importação de frango no geral, mas contra a entrada de partes rejeitadas, muitas vezes sem valor comercial nos países de origem.

“Nós nunca dissemos que não se pode importar frango. O que sempre defendemos é que nos mandem o frango inteiro. Esse trabalho de corte pode ser feito cá, gerando emprego e valor localmente”, destacou.

Produção nacional é viável

O ministro sublinhou que a produção de frango em Angola é tecnicamente simples e rápida, lembrando a sua própria experiência em projectos avícolas no passado:

“Produzir frango é uma coisa simples. Em 35 dias já temos um animal com 1.200 gramas. Fizemos isso em tempos de guerra, com recursos limitados. Hoje, com mais estabilidade, não faz sentido estarmos dependentes de restos importados.”

Isaac dos Anjos destacou ainda que o país dispõe de outras fontes de proteína animal e vegetal, muitas delas já consumidas em zonas rurais, como paca, catato, peixes locais e carne de caça, que podem complementar a dieta nacional sem depender de importações de baixa qualidade.

Pressões externas e custos elevados

O ministro revelou que em determinados períodos foram transferidos mais de 60 milhões de dólares para o estrangeiro devido à importação destes produtos, num país que ainda enfrenta graves carências de infraestrutura, educação e saúde.

Segundo Isaac dos Anjos, houve tentativas de pressão diplomática, com envolvimento até de embaixadores, para que Angola aceitasse os pedaços rejeitados de frango, mas o Executivo manteve a sua posição.

“Os que querem ganhar dólares a qualquer preço que procurem outro mercado. Já é tempo de deixarmos de nos humilhar a esse ponto”, frisou.

Estratégia nacional de nutrição

O governante lembrou ainda que a questão da alimentação deve ser encarada de forma estratégica, no quadro da Estratégia Nacional de Nutrição e Alimentação, garantindo soberania alimentar e estímulo à produção interna.

“Não foi para isto que lutámos pela independência. Temos de ser capazes de produzir e de oferecer qualidade ao nosso povo, em vez de aceitar rejeitados que não dignificam o país.”

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