Segunda-feira, 15 de Setembro, 2025

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Confrontos entre mucubais e nyanekas no Namibe provocam 12 mortos e deixam clima de tensão

Doze pessoas morreram e três ficaram feridas em confrontos entre as comunidades mucubal e nyaneca, ocorridos no último sábado nos municípios das Cacimbas e do Camucuio, província do Namibe. O conflito resultou ainda na destruição de 15 localidades (quimbos), segundo confirmou à imprensa a administradora das Cacimbas, Júlia Morais.

A responsável falava à margem de um encontro realizado esta segunda-feira, orientado pelo governador em exercício, Abel Kapitango, que juntou autoridades tradicionais, eclesiásticas, representantes das duas comunidades e as administrações municipais.

De acordo com Júlia Morais, o conflito tem raízes em episódios registados desde Março deste ano, quando mucubais foram acusados de roubar gado pertencente a nyanekas. Em retaliação, um jovem mucubal foi morto, facto que intensificou a rivalidade. Além do roubo de gado, a partilha da represa de água do Mulovei, no município das Cacimbas, tem estado na base das tensões.

“Um grupo de 300 pessoas armadas com zagaias e catanas está em direção ao município de Camucuio para retaliar a morte dos seus familiares”, alertou a administradora, sublinhando que foi necessário o reforço da presença das forças de defesa e segurança para evitar um agravamento da violência.

Segundo Morais, os mucubais, ao deslocarem-se para a zona da represa, não apenas levam o gado para beber água, mas também vandalizam estabelecimentos comerciais, roubam bens alimentares e retiram o capim das coberturas das casas, alegando que este serve de alimento para os animais.

O administrador do Camucuio, Manuel Canivete, confirmou que, desde Maio, têm sido registados vários casos de roubo de gado e confrontos entre as duas comunidades. “A Polícia tem intervindo, mas no último fim-de-semana a situação agravou-se com a invasão de mucubais à zona das Cacimbas, em Mulovei”, explicou, acrescentando que parte da comunidade mucubal se encontra sob proteção da Administração e da Polícia Nacional, devido a ameaças de vingança por parte dos nyanekas.

Durante o encontro, o soba grande das Cacimbas, Manuel Ndengue, defendeu que a única forma de resolver o conflito passa pela construção de uma represa para cada comunidade. Também os representantes nyanekas reforçaram este pedido.

Já o representante dos mucubais, Bapauxa Wate, lembrou que o conflito entre as duas etnias é antigo e remonta ao período colonial, quando os nyanekas terão colaborado com os colonos na captura de mucubais para servirem como escravos, além do roubo de gado. “De lá para cá, a rivalidade entre nós continua”, afirmou, ressalvando que a animosidade está concentrada apenas com os nyanekas da localidade do Mulundo, uma vez que com os demais convivem de forma pacífica.

O governo provincial garantiu que está a avaliar medidas urgentes para conter a violência e devolver a tranquilidade às populações afetadas.

Fonte: Angop

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