O Presidente da República de Angola, João Lourenço, abordou esta segunda-feira, 21 de Julho, em entrevista à CNN Portugal, a relação de Angola com os Estados Unidos, Rússia e China, o papel do país na pacificação de África e a polémica em torno da nova Lei dos Estrangeiros em Portugal.
Relativamente aos Estados Unidos, João Lourenço assegurou que as relações continuam estáveis, apesar da mudança de administração em Washington:
“Até aqui, não sentimos nenhuma alteração. Houve especulação sobre o fim do apoio americano ao Corredor do Lobito, mas isso não aconteceu. O apoio vai continuar.”
Como exemplo, o Presidente citou o recente financiamento de quase 300 milhões de dólares aprovado pelo Afreximbank para aquisição de aviões Boeing para a TAAG.
Questionado sobre a posição geopolítica de Angola, Lourenço destacou a capacidade do país de manter boas relações com diferentes blocos de poder:
“Estamos bem com qualquer um deles, não obstante termos a nossa opinião, por exemplo, em relação à agressão russa à Ucrânia. (…) Temos a coragem de, olhos nos olhos, dizer aos nossos amigos quando estão certos ou errados.”
Sobre o papel de Angola na paz em África, sublinhou a necessidade de diálogo com todos os países, incluindo aqueles que se afastaram da União Africana:
“O abandono não é solução. Temos de puxar para que regressem à normalidade constitucional, como aconteceu com o Gabão.”
A entrevista abordou ainda a nova Lei dos Estrangeiros em Portugal, que tem gerado críticas, incluindo do Brasil. Lourenço apelou a uma política migratória equilibrada e ao respeito pela prática internacional:
“O mínimo que exigimos é que Portugal não trate os imigrantes que escolheram Portugal como destino pior do que foram tratados os portugueses que emigraram pelo mundo.”
O Presidente angolano confirmou que este será um dos temas a abordar na próxima visita a Portugal, sublinhando a importância de proteger o espírito de livre circulação dentro da CPLP:
“É nossa obrigação evitar que a comunidade descambe. Vamos trabalhar todos em conjunto, incluindo Portugal, para preservar este grande projecto.”
Sobre as ausências de Angola, Portugal e Brasil na última cimeira da CPLP, João Lourenço minimizou a ideia de um boicote relacionado com a nova lei, justificando as ausências com agendas internas.
