Terça-feira, 22 de Julho, 2025

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Comediantes impedidos de entrar em Moçambique negam tentativa de entrada como turistas e lamentam cancelamento de espetáculo

Os humoristas Hugo Sousa (Portugal), Gilmário Vemba (Angola) e Murilo Couto (Brasil), integrantes do espetáculo Tons de Comédia, negaram esta segunda-feira que tenham tentado entrar em Moçambique com visto de turismo, como alegou o Serviço Nacional de Migração (Senami), e explicaram que tentaram, ainda no aeroporto de Maputo, obter o visto de atividades culturais, conforme lhes foi solicitado, noticiou a Lusa.

Segundo a agência Showtime, responsável pela digressão, a comitiva aterrou em Maputo às 14h40 locais de domingo, com o espetáculo marcado para as 17h00, no Centro Cultural China Moçambique. À chegada, foram abordados por um agente da imigração que inicialmente prometeu prioridade no controlo de entrada, devido à proximidade do evento. Contudo, ao dirigirem-se ao balcão, o mesmo agente informou que seria necessário o visto de atividade cultural.

De acordo com a agência, a produção havia tratado previamente apenas do visto para Murilo Couto, por ser brasileiro e não beneficiar de isenção, mas toda a comitiva se mostrou disponível para adquirir o visto no local e efetuar o pagamento, tendo inclusive encontrado balcões e tabela de preços disponíveis para o efeito.

O plano foi, no entanto, frustrado por um representante da TAAG, que informou que a imigração moçambicana decidira reencaminhar o grupo para Luanda, decisão que só poderia ser executada na terça-feira. Perante a incerteza, o espetáculo foi cancelado e os bilhetes reembolsados.

Pedro Gonçalves, agente do grupo, afirmou ter contactado o responsável pelo serviço de imigração, que confirmou que não seria autorizada a entrada da comitiva, obrigando os artistas a permanecerem no aeroporto até ao voo de regresso. Foi então solicitado um visto de entrada temporária como turistas, apenas para pernoitar em hotel e regressar no dia seguinte ao aeroporto — o pedido foi aprovado apenas para o agente, que recusou por estar a acompanhar os artistas.

“O grupo passou a noite no aeroporto, alimentando-se do que foi possível providenciar pela produção local”, referiu a agência. O regresso a Lisboa foi feito num voo da TAP no dia seguinte.

Já o diretor-geral do Senami, Zainedine Danane, justificou a recusa de entrada com o facto de os artistas terem tentado entrar com visto de turismo para realizar uma atividade cultural, o que, segundo referiu, não é permitido pela legislação moçambicana.

No entanto, fonte da Showtime rejeitou essa versão, sublinhando que os artistas não sabiam previamente da obrigatoriedade do visto específico, e que a intenção era obter o visto adequado no aeroporto, como já fizeram noutras ocasiões em países como Cabo Verde.

Acrescentou ainda que o visto de turismo só foi considerado como alternativa após o cancelamento do espetáculo, para que pudessem sair do aeroporto até embarcarem de regresso no dia seguinte.

O incidente lança luz sobre possíveis lacunas na comunicação institucional e nas práticas consulares no tratamento de atividades culturais internacionais, e levanta questões sobre a flexibilidade dos serviços de migração em contextos de exceção artística e intercâmbio cultural.

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