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EUA e China preparam nova ronda de negociações sobre comércio e tecnologia, diz secretário do Tesouro

Washington, 8 de Julho de 2025 – O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, anunciou que deverá reunir-se “nas próximas semanas” com o seu homólogo chinês para debater questões económicas cruciais, nomeadamente comércio, minerais estratégicos e tecnologia, numa nova tentativa de desanuviar as tensões entre as duas maiores economias do mundo.

“Tivemos boas reuniões em Genebra e Londres, com muito respeito de ambas as partes. Agora, vamos ver se conseguimos ir além do comércio e cooperar noutras áreas”, afirmou Bessent, em entrevista à cadeia norte-americana CNBC, na segunda-feira.

Embora não tenha revelado o nome do seu interlocutor, fontes diplomáticas indicam que se trata do vice-primeiro-ministro chinês He Lifeng, com quem Bessent já encetou negociações durante as cimeiras realizadas este ano na Suíça e no Reino Unido.

Uma trégua comercial com limitações

As negociações anteriores permitiram alcançar uma trégua comercial limitada, na qual Pequim concordou em facilitar a exportação de minerais de terras raras — elementos fundamentais para indústrias estratégicas dos EUA como a dos semicondutores, energias renováveis e transporte elétrico. Em contrapartida, Washington aliviou algumas das tarifas aduaneiras impostas nos últimos anos.

Contudo, segundo Bessent, os fluxos desses minerais críticos ainda não regressaram aos níveis anteriores a abril, revelando que a confiança plena entre as partes continua frágil.

“A disponibilidade desses materiais continua abaixo do necessário. Precisamos de ver progresso real nesse campo”, alertou o responsável norte-americano.

Dossiês sensíveis: fentanil e TikTok

A agenda das futuras conversações vai além do comércio tradicional. Entre os temas mais sensíveis está a preocupação dos EUA com o tráfico de fentanil, substância que tem alimentado a crise dos opiáceos no país, e cujos componentes químicos são frequentemente rastreados até fornecedores chineses.

Outro ponto crítico é a negociação em torno da TikTok, a popular aplicação de vídeos curtos com capitais chineses, que enfrenta uma possível alienação forçada das suas operações nos EUA por razões de segurança nacional.

“Temos um potencial comprador — um consórcio que inclui a Oracle, a Blackstone e a Andreessen Horowitz”, revelou o Presidente Donald Trump na semana passada.

Este negócio, no entanto, depende da aprovação final de Pequim, o que oferece à China uma vantagem negocial estratégica, podendo usá-la para obter concessões dos EUA em áreas como tarifas, tecnologia e investimento estrangeiro.

Um contexto global delicado

A escalada de tarifas aduaneiras em janeiro por parte de ambos os países provocou temores de recessão global, abalando os mercados financeiros. As tréguas alcançadas depois das rondas de Genebra e Londres ajudaram a estabilizar a situação, mas o quadro geral das relações comerciais continua tenso.

“Ainda há muito a resolver. Mas há disposição para dialogar, e isso é um sinal positivo num ambiente global cada vez mais polarizado”, comentou um analista sénior do Eurasia Group.

A expectativa é que os próximos encontros diplomáticos estabeleçam um roteiro mais claro para 2025, num momento em que ambos os países enfrentam pressões económicas internas e disputas estratégicas na Ásia-Pacífico e no domínio da inteligência artificial.

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