A agência de saúde pública da União Africana (UA) alertou esta sexta-feira que os surtos de cólera continuam a alastrar-se em África, afetando atualmente 21 países do continente, impulsionados por inundações, conflitos armados e carências nas campanhas de saneamento básico.

De acordo com dados atualizados pelos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças de África (CDC África), desde o início de 2024 foram notificados 173.086 casos de cólera e 3.534 mortes, com Angola, a República Democrática do Congo (RDCongo) e o Sudão entre os países mais atingidos.
O subdiretor de incidentes do CDC África, Yap Boum, afirmou durante uma conferência de imprensa online que os conflitos em curso, particularmente no Sudão e RDCongo, bem como os efeitos devastadores das inundações em Angola, estão a agravar a propagação da doença. “É necessário um apelo à ação por parte das autoridades e uma resposta coordenada dos governos, que já está em curso”, frisou.
Segundo os dados divulgados:
- A RDCongo registou 32.456 casos e 737 mortes.
- Angola soma 26.723 casos, 751 mortes e 18 das suas 21 províncias atingidas.
- No Sudão, onde o surto é intensificado pela guerra iniciada em abril de 2023, já se contabilizam 32.056 casos e 736 óbitos.
O CDC África referiu que têm havido conversações com os governos destes três países, que estão a utilizar mecanismos já ativados para combater a epidemia de monkeypox (mpox) como modelo de resposta à cólera.
A situação no Sudão é particularmente crítica, agravada pelos ataques às infraestruturas de água e eletricidade, pelo acesso limitado à água potável e pela deterioração dos serviços de saúde, que colocam milhões de pessoas em risco de contágio.
A cólera é uma doença diarreica aguda provocada pela ingestão de alimentos ou água contaminados com a bactéria Vibrio cholerae, geralmente associada a condições precárias de higiene e falta de acesso a água tratada. Apesar de ser tratável, pode ser fatal em poucas horas se não houver tratamento médico imediato.
As autoridades de saúde apelam à intensificação das campanhas de vacinação, à melhoria urgente do saneamento básico e ao reforço dos sistemas de saúde locais para conter a propagação da doença.