Dois agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) foram torturados e mortos por um grupo de indivíduos no posto administrativo de Miciasse, na província de Zambézia, no centro do país, disse hoje fonte da corporação.

Ambos foram destacados para fazer, na segunda-feira, o estudo e mapeamento para revitalização das estruturas comunitárias de segurança e implantação de uma posição tática policial naquele posto administrativo, disse o porta-voz do comando provincial da PRM na Zambézia, Miguel Caetano.
“Já no mercado local, quando se reuniam com parte da população para aferir a sensibilidade da comunidade (…), um grupo de indivíduos mal-intencionados, munidos de instrumentos contundentes, surpreenderam os membros da polícia”, explicou.
Segundo o representante, o grupo, composto por cerca de 11 indivíduos, amarrou e agrediu os agentes.
“Parte da população que estava naquele local tentou, sem sucesso, socorrer os dois membros da PRM, que estavam a ser agredidos brutalmente por aquele grupo de indivíduos”, disse.
De acordo com Miguel Caetano, já foram identificados os indivíduos envolvidos no crime, estando já a decorrer ações para a detenção dos mesmos.
“Garantimos e assumimos que nos próximos dias poderemos neutralizá-los, porque são indivíduos conhecidos”, acrescentou.
Também a organização não-governamental moçambicana Decide, que monitoriza os processos eleitorais no país, confirmou este caso, ocorrido no distrito de Molumbo, a 20 quilómetros da vila sede de Miciasse.
“De recordar que a população exige a devolução das cinco pessoas que perderam a vida naquele ponto, aquando das manifestações pós-eleitorais, para posteriormente manter-se uma relação cordial com a polícia”, descreve hoje a Decide, acrescentando que do total de 357 mortos verificados nas diversas manifestações e agitação social desde as eleições gerais de 09 de outubro, pouco mais de 4% “são agentes pertencentes às forças de segurança”.
As mortes acontecem num momento em que Moçambique ainda vive um clima de agitação social pós-eleitoral, após mais de três meses de manifestações e paralisações convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais, que deram vitória a Daniel Chapo.
Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.
Lusa