O grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), com o apoio de tropas ruandesas, lançou nesta quarta-feira (5) uma nova ofensiva no leste da República Democrática do Congo (RDC), rompendo um cessar-fogo previamente declarado. A ofensiva ocorre poucos dias antes de uma cúpula entre os presidentes da RDC, Félix Tshisekedi, e de Ruanda, Paul Kagame, que tentará encontrar uma solução para o conflito.
De acordo com fontes de segurança e humanitárias citadas pela AFP, os combatentes do M23 tomaram a cidade mineira de Nyabibwe, na província de Kivu do Sul, após intensos combates com as forças armadas congolesas.
A região leste da RDC é rica em recursos naturais estratégicos, como ouro, tantálio e estanho, usados na produção de baterias e dispositivos eletrônicos. O governo congolês acusa Ruanda de explorar ilegalmente esses recursos, enquanto Kigali justifica sua presença na área como uma medida de segurança para erradicar grupos armados, incluindo facções formadas por ex-funcionários hutus envolvidos no genocídio de 1994.
A escalada do conflito intensificou-se na semana passada com a tomada de Goma, capital do Kivu do Norte e uma das cidades mais importantes da região, onde vivem mais de um milhão de habitantes. A Organização das Nações Unidas (ONU) informou que ao menos 2.900 pessoas morreram nos confrontos que levaram à ocupação da cidade.
Diante da deterioração da situação, o gabinete do procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) declarou estar “acompanhando de perto” os acontecimentos, em particular a recente escalada de violência.
A cúpula entre Tshisekedi e Kagame está prevista para sábado (8), na Tanzânia, sob a mediação da Comunidade de Estados da África Oriental (CAO) e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). O encontro busca uma solução diplomática para o conflito que já se arrasta há quase três anos e tem causado uma grave crise humanitária na região.
AFP
