Luanda, 17 de agosto de 2024 – Um ataque de paramilitares a uma aldeia no estado de Senar, no sudeste do Sudão, resultou na morte de 80 pessoas e deixou muitas outras feridas, informaram fontes médicas e testemunhas nesta sexta-feira, 16 de agosto. O incidente ocorre mais de 16 meses após o início do conflito armado no país.
Uma fonte médica do hospital da aldeia de Jalgini revelou que na quinta-feira foram recebidos 55 corpos e dezenas de feridos; entre eles, 25 faleceram nesta sexta-feira, elevando o número total de mortos para 80.
De acordo com um residente de Jalgini, o ataque começou na manhã de quinta-feira, quando três veículos armados invadiram a aldeia. Os moradores resistiram ao ataque inicial, forçando a retirada dos paramilitares, que logo retornaram com dezenas de veículos. “Eles abriram fogo, incendiaram casas e mataram várias pessoas; alguns corpos ainda estão nas ruas da aldeia nesta sexta-feira”, relatou o residente enquanto levava o seu filho ferido ao hospital.
Desde o final de junho, os paramilitares tomaram o controlo de Sinja, a capital de Senar. Os combates entre o Exército sudanês e os paramilitares na região resultaram no deslocamento de cerca de 726 mil pessoas, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM). O estado de Senar, que antes dos combates abrigava mais de meio milhão de deslocados, conecta o centro do Sudão com o sudeste, controlado pelo Exército, onde centenas de milhares de deslocados encontraram refúgio.
Atualmente, os paramilitares controlam grande parte da capital Cartum, o estado de Al Jazira (centro), a vasta região de Darfur (oeste), bem como grandes áreas de Kordofán (sul).
O conflito no Sudão, que teve início em abril de 2023, é travado entre o Exército, liderado pelo general Abdel Fatah Al Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (FSR), sob o comando do seu ex-auxiliar, o general Mohamed Hamdane Daglo.
Recentemente, nesta segunda-feira (12), o general Abdel Fatah Al Burhan esteve em Luanda para uma visita curta de algumas horas, durante o qual foi recebido no Palácio Presidencial pelo Presidente angolano, João Lourenço, com quem discutiu a situação militar no seu país, numa tentativa de encontrar soluções para o conflito em curso.
Fonte: AFP
