A relatora especial da ONU para os territórios palestinianos, a italiana Francesca Albanese, acusou Israel de genocídio dos palestinianos, após o ataque contra uma escola em Gaza que causou pelo menos 93 mortos.
“Israel está a cometer um genocídio contra os palestinianos, um bairro de cada vez, um hospital de cada vez, uma escola de cada vez, um campo de refugiados de cada vez, uma zona de segurança de cada vez”, depois de mais de dez meses de guerra na Faixa de Gaza, afirmou Albanese na rede social X.
Israel está a levar a cabo esses ataques contra os palestinianos utilizando “armas americanas e europeias”, acrescentou.
“Que os palestinianos nos perdoem pela nossa incapacidade coletiva de os proteger, respeitando o sentido mais básico do direito internacional”, acrescentou.
Albanese, que está mandatada pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU mas não fala em nome da organização, fez comentários semelhantes em março, provocando fortes críticas de Israel, que a acusou de “antissemitismo”.
O movimento islamita Hamas, que detém o poder na Faixa de Gaza, considerou hoje o ataque contra a escola “uma perigosa escalada” da guerra conduzida pelo Exército israelita no território palestiniano.
Este foi um dos ataques com maior número de mortos desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita.
A Proteção Civil da Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islamita palestiniano Hamas, disse hoje que um ataque lançado por Israel contra uma escola na cidade de Gaza matou pelo menos 90 pessoas.
“O número de mortos é agora de 90 a 100 e há dezenas de feridos adicionais” na escola Al-Tabai’een, no setor Al-Sahaba na cidade de Gaza, disse à agência de notícias France–Presse (AFP) o porta-voz da Proteção Civil, Mahmoud Basal.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmaram ter “atacado com precisão os terroristas do Hamas que operavam dentro de um centro de comando e controlo do Hamas localizado na escola Al-Tabai’een”.
O centro de comando e controlo serviu de “covil para terroristas e comandantes do Hamas”, a partir do qual foram planeados e preparados vários ataques contra o exército israelita, disseram as IDF, em comunicado.
De acordo com a imprensa controlada pelo Hamas, a escola, situada junto a uma mesquita no bairro de Daraj Tuffah, acolhia cerca de 250 pessoas deslocadas, mais de metade das quais eram crianças e mulheres.
O Hamas lançou em 07 de outubro de 2023 um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, que causou a morte de mais de 1.140 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da agência de notícias France-Presse, baseada em números oficiais israelitas.
Cerca de 240 pessoas foram raptadas e levadas para Gaza, segundo as autoridades israelitas. Destas, perto de cem foram libertadas no final de novembro, durante uma trégua em troca de prisioneiros palestinianos, e 132 reféns continuam detidos no território palestiniano, 28 dos quais terão morrido.
Em resposta ao ataque, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo em Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Lusa