O Reino Unido ameaçou hoje restringir a concessão de vistos a Angola e outros dois países africanos que acusa de não cooperarem suficientemente para readmitir os seus cidadãos em situação irregular.

Segundo o Ministério do Interior britânico, é “inaceitável” a fraca cooperação de Angola, Namíbia e República Democrática do Congo em matéria de expulsões de imigrantes em situação ilegal no Reino Unido.
O secretário de Estado para o Asilo e a Segurança das Fronteiras, Alex Norris, advertiu que estes três países “têm um mês” para melhorar a situação, em entrevista hoje à estação Sky News.
O Ministério do Interior argumenta que “milhares de migrantes em situação ilegal originários destes países encontram-se atualmente no Reino Unido”.
As restrições de vistos aplicar-se-iam a vistos de turismo e vistos VIP, detalhou o ministério, que refere que as medidas poderão estender-se a outros países, especialmente aqueles que apresentam “altas taxas de pedidos de asilo” de pessoas que entraram legalmente no Reino Unido.
“A minha mensagem para os governos estrangeiros hoje é clara: aceitem o regresso dos vossos cidadãos ou vão perder o privilégio de poder entrar no nosso país”, avisou a ministra do Interior, Shabana Mahmood, citada no comunicado.
A ministra vai apresentar esta tarde ao Parlamento uma ampla reforma contra a imigração irregular, numa tentativa de reduzir a chegada de migrantes ao Reino Unido vindos do norte da França em barcos de borracha.
Entre as medidas já anunciadas estão a redução da proteção concedida aos refugiados, que serão “forçados a regressar ao seu país de origem assim que for considerado seguro”, e a supressão do acesso automático aos apoios sociais para os requerentes de asilo.
O Governo também pretende acelerar as expulsões com a aprovação de uma lei que regulamentaria os recursos judiciais à Convenção Europeia dos Direitos Humanos.
Desde 01 de janeiro, 39.292 pessoas chegaram ao Reino Unido a bordo de embarcações através do Canal da Mancha, um número que ultrapassa aos 36.816 registados em 2024.
Os pedidos de asilo aumentaram 18% em 2024, enquanto diminuíram 13% em toda a União Europeia no mesmo período, de acordo com dados do Governo.
Mais de 400 mil pedidos foram registados desde 2021, contra 150 mil no período 2011-2015, ainda de acordo com os números oficiais.
A insatisfação da opinião pública com os elevados valores de imigração é um motivo de críticas ao Governo trabalhista eleito no ano passado, que desceu nas sondagens, estando atrás do Partido Reformista, partido de direita populista radical anti-imigração.
Lusa

