Sábado, 1 de Novembro, 2025

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Presidente cessante da Tanzânia declarada eleita pela comissão eleitoral

A Presidente cessante da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, obteve uma vitória eleitoral esmagadora, segundo os resultados definitivos anunciados hoje pela comissão eleitoral na televisão estatal, após três dias de violências que se seguiram às eleições.

Presidente cessante da Tanzânia declarada eleita pela comissão eleitoral

“Declaro Samia Suluhu Hassan Presidente eleita da República Unida da Tanzânia, pelo partido CCM”, com 97,66% dos votos, anunciou na televisão pública o presidente da comissão eleitoral, Jacobs Mwambegele.

O país da África Oriental mergulhou na violência na quarta-feira, dia das eleições presidenciais e legislativas, que decorreram sem oposição, uma vez que os dois principais adversários da chefe de Estado foram presos ou desqualificados.

A oposição deu conta de um saldo de 700 mortos em resultado da violência.

Está prevista a realização de uma cerimónia de tomada de posse já hoje, segundo uma fonte não identificada à AFP, em declarações pelo telefone, devido ao corte de internet que ainda se mantém no país de 68 milhões de habitantes.

Samia Suluhu Hassan foi promovida à chefia da Tanzânia depois da morte do seu antecessor, John Magufuli, em 2021.

Inicialmente elogiada por ter flexibilizado as restrições impostas pelo seu antecessor, foi posteriormente acusada de levar a cabo uma repressão severa contra os seus detratores, nomeadamente antes das eleições.

Até ao momento, Samia Suluhu Hassan não se pronunciou sobre os distúrbios dos últimos dias.

A AFP testemunhou na quarta-feira a ocorrência de tiros na capital económica e maior cidade do país, Dar es Salaam, quando centenas de pessoas protestavam, incendiando nomeadamente uma esquadra da polícia. A contestação alastrou-se depois por todo o país.

“Neste momento, o número de mortos em Dar (es Salaam) é de cerca de 350 e há mais de 200 em Mwanza (norte). Se somarmos os números de outros locais do país, chegamos a um total de cerca de 700 mortos”, disse à AFP o porta-voz do partido da oposição Chadema, John Kitoka.

O Chadema foi excluído das eleições e apelou ao boicote do escrutínio. O seu líder, Tundu Lissu, detido em abril, está a ser julgado por traição, uma acusação punível com a pena capital.

“Não houve qualquer uso excessivo da força”, contestou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Tanzânia, Mahmoud Thabit Kombo, em declarações ao canal Al-Jazeera, admitindo, porém, a existência de “bolsas de violência” no país.

“Não vi esses 700 mortos”, continuou. “Ainda não temos números relativos a vítimas no país”, acrescentou o chefe da diplomacia tanzaniana.

O balanço da oposição foi considerado “credível” por uma fonte diplomática não identificada pela AFP, que referiu a existência de “centenas de mortos”. Uma fonte de segurança interrogada pela mesma agência de notícias também recebeu informações semelhantes.

Vários hospitais e centros de saúde recusaram-se a falar com a AFP e a internet continua bloqueada, o que dificulta o trabalho de recolha de dados.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou-se “muito preocupado” na sexta-feira, e exigiu uma “investigação minuciosa e imparcial sobre as acusações de uso excessivo da força”, apelando a todas as partes para que ajam com “moderação” e “impedam qualquer nova escalada”, de acordo com um comunicado.

Lusa

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