O Tribunal da Comarca do Huambo condenou, nesta segunda-feira, João Mulunda Talaya a 20 anos de prisão pelo homicídio da sua esposa, Sónia Mulunda, ocorrido na noite de 1 de março de 2025. A sentença foi proferida após o tribunal considerar existirem provas suficientes que demonstram a responsabilidade do arguido no trágico incidente.

De acordo com o processo, Sónia Mulunda, de 40 anos, confrontou o marido sobre uma alegada relação extraconjugal, o que desencadeou uma discussão acesa. Durante o conflito, João Mulunda entrou no seu veículo e atropelou mortalmente a esposa, arrastando-a por vários metros. O crime chocou a população do Huambo e gerou grande comoção nas redes sociais.
O julgamento, acompanhado de perto pela sociedade civil e pelos órgãos de comunicação social locais, contou com a presença do Ministério Público e de vários co-arguidos, que foram ouvidos durante as audiências. O tribunal concluiu que o réu actuou de forma intencional, com dolo eventual, ao utilizar o automóvel como instrumento de agressão, o que resultou na morte imediata da vítima.
O caso, amplamente divulgado desde a detenção do empresário João Mulunda, foi qualificado como homicídio voluntário, agravado pelas circunstâncias de violência doméstica. O tribunal considerou que a pena aplicada tem em vista não apenas punir o autor, mas também reforçar o combate aos crimes de género e à violência conjugal, que continuam a preocupar as autoridades angolanas.
Durante a leitura da sentença, o juiz presidente destacou que “nenhum conflito conjugal justifica a eliminação da vida de outrem” e que “a justiça deve servir de exemplo para prevenir comportamentos semelhantes”.
O advogado de defesa anunciou que vai recorrer da decisão junto do Tribunal Supremo, alegando inconsistências nas provas apresentadas.
A condenação de João Mulunda Talaya marca o desfecho de um dos casos criminais mais mediáticos do ano na província do Huambo, e é vista como um precedente importante na luta contra a violência doméstica e o feminicídio em Angola.

