Quarta-feira, 29 de Outubro, 2025

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Rússia promete travar intenções da NATO de controlar a Eurásia

 O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, acusou hoje a NATO de pretender controlar a Eurásia e assegurou que Moscovo impedirá as tentativas de separar os países do Cáucaso e da Ásia Central da Rússia.

Rússia promete travar intenções da NATO de controlar a Eurásia

“Queremos que todo o nosso vasto e belo continente se transforme num feudo da NATO? Não podemos concordar com isso”, afirmou Lavrov ao discursar na III Conferência Internacional de Minsk sobre Segurança Eurasiática.

“É claro que usaremos todos os meios disponíveis, diplomáticos, políticos e económicos, para suprimir tais tendências”, afirmou, segundo as agências de notícias russas.

Lavrov disse que a expansão da NATO “não abrandou num por um único momento, apesar das promessas que fizeram aos líderes soviéticos de que a aliança não se moveria para Leste”.

Antes de invadir a Ucrânia em fevereiro de 2022, a Rússia exigiu que o país vizinho não fosse autorizado a aderir à NATO e que as forças da aliança regressassem às posições anteriores ao alargamento às antigas repúblicas soviéticas.

Tais exigências foram recusadas e, desde então, a Ucrânia tornou-se candidato à UE, enquanto Suécia e Finlândia aderiram à NATO, que passou a ter 32 membros, mais 20 dos que a fundaram em 1949, entre os quais Portugal.

Lavrov disse que a expansão da NATO contraria os compromissos da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

“Ninguém pode melhorar a própria segurança à custa da segurança de outros nem aspirar ao domínio regional ou global”, defendeu.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo considerou que as ações do Ocidente estão a impedir o diálogo normal sobre a segurança na Eurásia e que a questão principal já não é o que “está a acontecer na Ucrânia”.

Trata-se antes “do que o Ocidente, principalmente os europeus, as chamadas elites da NATO e da UE, estão a fazer em resposta ao fracasso óbvio da estratégia de infligir uma derrota estratégica à Rússia”, afirmou.

Lavrov disse que tanto a NATO como a UE se recusam a assumir que o Ocidente já não é o pilar do mundo e que os governos ocidentais “já se estão a preparar para uma nova grande guerra europeia”.

“Não é segredo nenhum”, afirmou, referindo que França e Reino Unido concordaram em junho em coordenar as forças nucleares, enquanto Londres assinou recentemente um acordo de cooperação militar com a Alemanha.

“Dissemos repetidamente que não tivemos nem temos intenções de atacar nenhum país dos atuais membros da NATO e da União Europeia”, disse o ministro russo.

Lavrov mostrou-se ainda surpreendido com a mudança de postura do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a necessidade de um cessar-fogo na Ucrânia.

“É surpreendente que, de repente, [Trump] tenha retomado a postura que reflete o desejo febril dos europeus e do regime [do Presidente ucraniano, Volodymyr] Zelensky de obter uma pausa para injetar armamento na estrutura de Kiev”, declarou.

O ministro russo expressou, no entanto, confiança em que prevaleça a lógica do estabelecimento de uma “paz duradoura”.

“Esperamos que o Presidente Trump queira uma paz realmente duradoura e não a criação de condições para continuar a injeção de armas e dinheiro no regime de Kiev”, afirmou, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

Lavrov disse que a alternativa à paz é a Ucrânia continuar a ser um “instrumento dos europeus na guerra contra a Federação Russa”.

Referiu também que Moscovo precisa de garantias para uma futura cimeira Rússia-Estados Unidos, depois de Trump ter cancelado um encontro previsto para Budapeste face à recusa russa em cessar as hostilidades na Ucrânia.

Lavrov acrescentou que Moscovo aguarda por uma resposta de Washington à proposta russa de prolongar por um ano o tratado de desarmamento nuclear START III, que termina em 05 de fevereiro.

O encontro sobre segurança decorre até quarta-feira na capital da Bielorrússia e reúne “figuras políticas, especialistas e analistas de mais de 30 países”, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros bielorrusso.

Lusa

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