A opositora venezuelana María Corina Machado foi distinguida esta sexta-feira, 10 de outubro de 2025, com o Prémio Nobel da Paz, anunciou o Comité Nobel norueguês, em Oslo. A decisão reconhece o “compromisso corajoso e persistente” da ex-deputada na defesa da democracia, dos direitos humanos e da transição pacífica na Venezuela, país que vive há mais de duas décadas sob forte tensão política.

A escolha da líder da oposição venezuelana foi amplamente saudada por organizações internacionais, governos e defensores dos direitos civis em todo o mundo. No entanto, o anúncio também gerou fortes reações políticas, sobretudo devido à ausência do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vinha a ser apontado por apoiadores e pela sua própria equipa como potencial laureado, após alegadas mediações diplomáticas em conflitos internacionais.
Segundo o Comité Nobel, o prémio a Machado representa “um tributo à luta pacífica e determinada de milhões de venezuelanos que aspiram a um país livre e democrático”. O presidente do Comité, Jørgen Watne Frydnes, sublinhou que a escolha da venezuelana “segue o espírito original de Alfred Nobel: premiar quem trabalha pela fraternidade entre as nações e pela promoção da paz através de meios não violentos”.
Reações à exclusão de Donald Trump
Nos Estados Unidos, um dia antes do anúncio, durante uma visita do presidente da Finlândia, Alexander Stubb, Donald Trump disse que aceitaria qual que fosse a decisão do comité”.
Nas redes sociais, apoiadores do presidente acusaram o Comité Nobel de “viés político”, enquanto analistas recordaram que as candidaturas ao prémio encerraram em janeiro, antes de muitas das recentes iniciativas diplomáticas promovidas por Trump, incluindo o cessar-fogo em Gaza, terem sido concretizadas.
Fontes próximas ao Comité Nobel enfatizaram que o processo de seleção é “rigorosamente independente” e que “nenhuma campanha pública ou mediática influencia as deliberações”. Vários especialistas destacaram ainda que o Nobel da Paz privilegia trajetórias consistentes de promoção da paz, em detrimento de ações pontuais com elevado impacto político.
Impacto e simbolismo do prémio
A escolha de María Corina Machado é vista como um sinal de apoio internacional ao movimento democrático venezuelano. Desde o seu afastamento da Assembleia Nacional, em 2014, Machado tem enfrentado perseguições, proibições políticas e ameaças, mantendo-se uma das figuras mais expressivas da oposição ao governo de Nicolás Maduro.
O prémio, afirmam observadores, reforça a visibilidade internacional da causa democrática na Venezuela e poderá impulsionar pressões externas por reformas políticas no país.
Ao receber a notícia, Machado afirmou estar “profundamente honrada” e dedicou o prémio “aos venezuelanos que nunca deixaram de acreditar na liberdade e na justiça”.

