Teve início esta quarta-feira, em Yokohama, a 9ª edição da Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD 2025), fórum que desde 1993 promove a cooperação entre o Japão e os países africanos.

O encontro, que decorre por três dias, reúne Chefes de Estado e de Governo africanos, altos funcionários da ONU, executivos do Banco Mundial, empresários e representantes da sociedade civil. A abertura foi marcada por discursos do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, do Primeiro-Ministro do Japão, Shigeru Ishiba, e do Presidente de Angola, João Lourenço, na qualidade de Presidente em exercício da União Africana.
“Resolver o problema da pobreza”
Na sua alocução, João Lourenço destacou a importância do TICAD como plataforma de diálogo e cooperação, elogiando o Japão pela hospitalidade e pelo papel consistente no apoio ao desenvolvimento africano. O Chefe de Estado angolano sublinhou que África precisa acelerar o ritmo de implementação da Agenda 2063 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com foco em sectores como saúde, educação, segurança alimentar, infra-estruturas energéticas e digitalização.
“O problema central no continente africano assenta sobre o que temos de fazer rapidamente para resolver o problema da pobreza”, declarou, acrescentando que a solução passa pela cooperação multilateral e pela criação de soluções inovadoras que fortaleçam as economias africanas.
Paz, financiamento e multilateralismo
João Lourenço salientou ainda que nada do que for decidido na conferência terá efeito prático sem estabilidade e paz duradoura em África. Recordou os processos de reconciliação em curso no continente e apelou à persistência nas negociações de paz, mencionando os casos da República Democrática do Congo, do Sudão, da Palestina e da Ucrânia.
Ao mesmo tempo, alertou para as dificuldades de acesso ao financiamento internacional por parte dos países africanos, devido às notações de risco, e defendeu a necessidade de fórmulas mais favoráveis de crédito. “É fundamental que as instituições internacionais de crédito e os países credores facilitem o financiamento necessário à concretização da agenda de desenvolvimento de África”, frisou.
O estadista angolano considerou o Japão um “parceiro incontornável” na edificação de infra-estruturas em África e anunciou a realização, em Outubro, de uma Conferência Internacional sobre o Financiamento de Infra-estruturas, à qual convidou formalmente o Japão a participar.
Reforma da ONU
No plano internacional, João Lourenço reiterou a urgência da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para garantir maior eficácia na prevenção e resolução de conflitos, lamentando que os maus exemplos venham frequentemente das grandes potências nucleares.
A TICAD 2025 prossegue até sexta-feira, com painéis dedicados a paz e estabilidade, economia e sociedade, três pilares que, segundo o Presidente da União Africana, devem orientar os esforços conjuntos para garantir um futuro mais próspero e justo para África.