A República de Angola apresentou, durante a 1293ª Reunião do Conselho de Paz e Segurança da União Africana (CPS‑UA), uma proposta para a criação de uma missão conjunta de alto nível, com o objetivo de negociar um cessar-fogo e relançar o diálogo nacional inclusivo no Sudão, visando pôr fim ao conflito que assola o país desde abril de 2023.

Segundo uma nota oficial, a missão seria composta por representantes da União Africana (UA), das Nações Unidas (ONU), da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD) e da Liga dos Estados Árabes (LEA), com um mandato claro de mediação.
A delegação angolana, representada pelo conselheiro Filipe Jaime Ricardo, em nome do embaixador Miguel César Domingos Bembe, defendeu ainda a criação de uma “Task Force Africana para a Unidade do Sudão”, com funções de prevenção contra possíveis fragmentações do país, supervisão fronteiriça e controlo de fluxos ilegais de armas e combatentes.
Outro ponto destacado foi a necessidade de uma posição conjunta e firme dos países africanos e da comunidade internacional sobre a proliferação de armas no Sudão, sugerindo um mecanismo regional de monitoramento em colaboração com o CPS‑UA, CIRGL, IGAD e o Conselho de Segurança da ONU. Esse mecanismo teria como missão bloquear e desmantelar canais de fornecimento ilegal de armamento, aplicar sanções direcionadas e impor embargos rigorosos, sob supervisão independente.
Angola expressou profunda preocupação com a deterioração política, social, humanitária e económica do Sudão, que já provocou milhares de mortos, milhões de deslocados e mais de 25 milhões de pessoas em situação de necessidade humanitária aguda. A delegação lamentou também a destruição de infraestruturas vitais, como hospitais, escolas e sistemas de abastecimento de água e energia, bem como os graves impactos sobre mulheres e crianças.
Ao condenar a formação de um “governo paralelo” no Sudão, Angola defendeu uma mudança urgente na abordagem do conflito, colocando o povo sudanês no centro das soluções e apelando às partes em conflito para privilegiarem o interesse nacional acima de ambições pessoais.