O Presidente da República de Angola, João Lourenço, rejeitou a ideia de que Portugal seja a principal porta de entrada para a relação de Angola ou de África com a União Europeia, sublinhando a autonomia dos países africanos na definição dos seus parceiros.

“Temos liberdade de estabelecer relações de amizade e de cooperação directamente com qualquer país europeu, sem termos que passar necessariamente por Portugal”, afirmou em entrevista à CNN Portugal.
Lourenço destacou que as relações entre África e a União Europeia são positivas e lembrou a realização, a 25 de Novembro, em Luanda, de uma nova cimeira União Europeia–África, considerada uma oportunidade para consolidar ganhos e perspectivar o futuro dessa parceria.
Questionado sobre se África pode tornar-se uma alternativa para a Europa, num contexto de tensões comerciais com os Estados Unidos, o Chefe de Estado defendeu que essa cooperação deve ser baseada em interesses comuns e não como substituição de outros mercados:
“A Europa pode e deve manter boas relações de cooperação com o continente africano, independentemente da relação que tem com os Estados Unidos. (…) Isso não pode ser visto como uma troca.”
João Lourenço criticou ainda a falta de aproveitamento histórico dessa relação privilegiada:
“A Europa esteve cerca de cinco séculos no continente africano, conhece bem a África, mas não tirou o melhor proveito possível desta relação. Só perdeu, porque está em vantagem.”
O Presidente angolano salientou que África precisa de grandes investimentos em infra-estruturas — estradas, portos, caminhos-de-ferro e energia — áreas nas quais a Europa poderia ter desempenhado um papel mais relevante.