O Presidente da República de Angola, João Lourenço, concedeu na manhã de segunda-feira, 21 de Julho, uma entrevista à CNN Portugal, centrada nos 50 anos de independência de Angola, nas relações com Portugal e na actual reconfiguração da ordem mundial.
Sobre os 50 anos de independência, João Lourenço destacou os progressos alcançados, salientando que, apesar de muito ter sido feito, “50 anos para a vida de um país não são nada”. O Chefe de Estado sublinhou a importância de reconhecer conquistas e fragilidades e anunciou um programa de condecorações a nacionais e estrangeiros que contribuíram para a independência e desenvolvimento do país, gerando um sentimento de reconhecimento na sociedade.
Questionado sobre as divisões internas do período pós-independência e a guerra civil, João Lourenço rejeitou a ideia de um país dividido, referindo que “Angola sempre foi uno e indivisível”, ainda que tenha enfrentado interferências externas no contexto da Guerra Fria, o que levou a 27 anos de conflito armado.
Em relação ao cenário internacional, o Presidente angolano alertou para a emergência de uma nova ordem mundial, marcada por tensões geopolíticas entre potências como os Estados Unidos, a China e a Rússia. Defendeu uma reforma profunda das Nações Unidas, do Banco Mundial e do FMI, mas criticou que a atual reconfiguração esteja a ocorrer “pela força das armas e ocupação de territórios alheios”.
“Uma nova ordem mundial impunha-se, mas nunca pela via da força. Temo que não nos esperam dias bons no futuro”, afirmou João Lourenço.
