A Rússia realizou nesta sexta-feira, 4 de julho, o maior ataque aéreo à Ucrânia desde o início da guerra, segundo autoridades ucranianas, numa escalada significativa do conflito que coincidiu com uma conversa telefónica inconclusiva entre os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, da Rússia.

De acordo com um porta-voz da Força Aérea ucraniana, o bombardeio incluiu o lançamento de 539 drones e 11 mísseis. Os sistemas de defesa da Ucrânia conseguiram abater 268 drones e dois mísseis. O presidente Volodimir Zelensky informou que 23 pessoas ficaram feridas na série de ataques, que atingiram várias cidades, incluindo a capital Kiev, onde moradores procuraram abrigo nas estações de metro.
Correspondentes da AFP relataram sons intensos de explosões e a aproximação de drones durante toda a madrugada. Os alertas antiaéreos foram acionados em todo o território nacional no momento em que a conversa entre Trump e Putin era anunciada.
Zelensky condenou o ataque, afirmando que “mais uma vez, a Rússia demonstra que não tem intenção de terminar com a guerra e com o terror”. O chefe de Estado ucraniano defendeu que sem uma pressão internacional significativa, Moscovo não mudará “o seu comportamento estúpido e destrutivo”.
O Kremlin confirmou que a chamada telefónica entre os dois presidentes durou cerca de uma hora, durante a qual Putin reafirmou que a Rússia “não abrirá mão de seus objetivos” na Ucrânia. Trump, por sua vez, classificou a conversa como longa, mas sem “nenhum progresso”.
O tom adoptado por Trump foi considerado sombrio, contrastando com as suas declarações anteriores, nas quais expressava otimismo relativamente à possibilidade de um cessar-fogo. Esta foi a sexta ligação entre os dois líderes desde o regresso de Trump à Casa Branca em janeiro, mas a primeira em que o republicano demonstrou frustração com a falta de avanço.
Andrii Sibiga, ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, declarou que o bombardeio demonstra “a absoluta falta de consideração de Putin pelos Estados Unidos e por qualquer um que peça o fim da guerra”.
Enquanto isso, os ataques noturnos da Rússia têm aumentado nas últimas semanas, com junho a registar um número recorde de lançamentos de drones e mísseis, segundo dados da AFP. Esse aumento coincide com o impasse nas negociações diretas entre Moscovo e Kiev e com o anúncio de Washington sobre a suspensão do envio de determinadas armas à Ucrânia — um apoio considerado essencial para a defesa do país.
Do lado ucraniano, os ataques também têm sido intensificados. Um drone lançado por Kiev atingiu um edifício residencial em território russo, provocando a morte de uma mulher, segundo informações do governador interino da região.
A escalada no terreno e o insucesso diplomático aumentam as preocupações quanto à possibilidade de uma nova fase ainda mais violenta no conflito, enquanto a comunidade internacional observa com apreensão a crescente instabilidade no Leste Europeu.